Título: Ciro apoia tese de Temer por definição rápida de aliança
Autor: Ogliari,Elder
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/09/2009, Nacional, p. A6

Deputado diz que acha "razoável" que o PMDB assumisse formalmente compromisso para 2010 O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) defendeu ontem uma definição rápida sobre o apoio do PMDB à candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), na eleição presidencial do ano que vem.

Indagado sobre declarações do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), que defendeu um posicionamento rápido de Lula sobre a aliança com seu partido na eleição de 2010, Ciro afirmou, em entrevista à TV UOL: "Acho razoável, razoabilíssimo. Até porque é do maior interesse de quem quer bem ao quadro que Lula representa que o PMDB se definisse mesmo, assumisse formalmente esse compromisso."

O parlamentar voltou a dizer que não está nos seus planos ser candidato a governador de São Paulo, mas sua decisão final está submetida ao que a direção do PSB achar melhor. Lula defende uma única chapa governista em torno da candidata do PT como forma de derrotar a candidatura da oposição, provavelmente a do governador de São Paulo, José Serra (PSDB).

"Eu não posso chegar aqui e dizer que tenho intimidade com a rotina de São Paulo", afirmou Ciro. "Paulistas têm de achar entre os que têm rotina aqui uma pessoa que possa interpretar esse sentimento (de mudança no Estado, governado pelo PSDB desde 1995)." Ciro tem até o fim do mês para mudar o domicílio eleitoral para São Paulo, caso dispute o governo paulista. "O PSB tem de tomar a decisão dentro do prazo, senão está decidido por inércia", declarou, referindo-se a sua falta de disposição de fazer a mudança.

Apesar de dizer que não tem intenção de concorrer em São Paulo, Ciro comentou a política paulista. Criticou o apoio dado pelos tucanos à eleição do prefeito paulistano, Gilberto Kassab, eleito pelo DEM. E elogiou a gestão de Serra no Estado.

"O quadro de São Paulo até acho que é artificial. O PSDB montou-se no poder há 16 anos, perdeu qualquer coerência com a fundação do partido, são aliados do Quércia", disse, em referência ao ex-governador Orestes Quércia (PMDB). O deputado também afirmou que o PT, em São Paulo, "dizimou seus principais quadros e passou à psicologia do derrotado de véspera".

O deputado reafirmou novamente sua intenção de concorrer à Presidência em 2010. Ciro evitou comentar se aceitaria ser vice na chapa de Dilma, alegando que depois diriam que ele "admite" a hipótese. "Ninguém é candidato a vice. Sou candidato a presidente." Questionado sobre a candidata do PT, o deputado disse que Dilma tem vários méritos, "mas o principal atributo é o apoio do presidente Lula".

CRISE POLÍTICA

O parlamentar voltou a criticar a aliança do PT com o PMDB. Disse que a união entre os dois partidos perdeu o que chama de " hegemonia moral e intelectual". Ao comentar a crise pela qual passa o Congresso, chegou a dizer que a política é "uma atividade muito cacete, muito desagradável do ponto de vista humano, principalmente num momento como este". Para Ciro, no entanto, o Parlamento não é "podre". "O Senado é um santuário de dignidade, representativa, equilíbrio da Federação. O que está errado é o comportamento de um entre dez."