Título: Tarifa de bancos públicos sobe 9%
Autor: Nakagawa,Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/09/2009, Economia, p. B8

Em um ano, pacote para pessoas físicas aumentou, enquanto os bancos privados reduziram o valor em 23,6%

Bancos públicos e privados adotaram estratégias opostas na política de tarifas nos últimos meses. Estudo da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) mostra que as instituições controladas pelo governo aumentaram o preço médio da cesta básica cobrada nas contas correntes em 9,2% entre maio de 2008 e julho de 2009.

No período, os bancos privados reduziram o valor em 23,6%. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal esclareceram ontem que não alteraram valores. Pelo contrário, o Banco do Brasil deve reduzir o preço desse pacote nas próximas semanas e a Caixa Econômica Federal avalia adotar a mesma medida.

O estudo apresenta apenas a média das tarifas de bancos públicos e privados, sem detalhamento individual. Procurados, Banco do Brasil e Caixa esclareceram que não houve aumento desde maio de 2008, quando o sistema de pacotes de tarifas foi adotado. Dados do Banco Central revelam que foram as instituições regionais, como o Banrisul e o Banco de Brasília, que aumentaram preços e puxaram a média para cima. Procuradas, as duas instituições não retornaram os pedidos de entrevista até o fechamento desta edição.

Mesmo sem elevar os preços, bancos públicos praticam tarifa superior à média de todo o mercado. Em julho, o conjunto dos bancos cobrava, na média, R$ 14,96 por mês no pacote de serviços básicos. Nas instituições estatais, o valor é superior: R$ 17 no BB e R$ 15 na Caixa. No Banrisul, o valor é ainda maior: R$ 18,50.

Nesse pacote, estão previstos oito saques, emissão de quatro extratos do mês corrente e quatro transferências entre contas da própria instituição, entre outros itens. Essa é a cesta de serviços mais usada pelas pessoas físicas.

NA CASA DO REAL

Ao ser entrevistado sobre o estudo, o diretor de varejo do Banco do Brasil, Janio Endo Macedo, antecipou ao Estado que a instituição já decidiu reduzir o preço do pacote básico. "A redução não será de centavos, será na casa do real." Com a decisão, o Banco do Brasil deve reverter a situação em que figura como segundo banco com pacote de tarifas mais mais caras entre os cinco maiores do varejo.

De acordo com pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o banco federal está atrás apenas do Santander, que cobra R$ 20. Bradesco (R$ 14,50) e Itaú Unibanco (R$ 15) são mais barateiros que o Banco do Brasil.

Macedo explica que a redução será possível após medida do Banco Central que proíbe bancos de cobrarem a renovação de cadastro de clientes. "Como esse serviço estava dentro da tarifa do pacote, vamos retirar o item e o preço final para o cliente será reduzido", afirmou. A diminuição será em outubro.

Já a Caixa anunciou que avalia a possibilidade de reduzir o preço da cesta. Segundo o vice-presidente de Finanças da instituição, Márcio Percival, uma eventual diminuição será resultado da medida do Banco Central. "A retirada de um dos serviços alterou a composição do pacote. Estamos analisando o tema e provavelmente pode haver espaço para uma redução do valor."

Apesar de a cesta básica de tarifas dos bancos públicos ser superior à média do mercado, o estudo diz que, a cobrança individual por serviço, fora dos pacotes, continua mais barata nas instituições estatais. "Computando separadamente as tarifas médias cobradas nos bancos públicos e privados, fica evidente que os bancos públicos cobram preços mais baixos que seus concorrentes privados para a maioria dos serviços", destaca o texto.

Dos 32 serviços considerados prioritários, 21 têm preço médio menor nos bancos públicos, na comparação com os privados. Isso, no entanto, não necessariamente beneficia os clientes, já que a maioria opta pela cesta de serviços. No Banco do Brasil, por exemplo, 70% das contas dos clientes pagam tarifas por pacote e não tarifas individuais por operação.