Título: Região Nordeste tem a maior redução de matrículas no País
Autor: Mandelli, Mariana ; Formenti, Lígia
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/09/2009, Vida&, p. 0

Foram 567,6 mil inscrições a menos; para especialistas, qualidade do ensino deve ser meta

Dados preliminares do Censo Escolar apontam que a queda do número de matrículas ocorreu em todo o País. A maior redução foi registrada no Nordeste (567.648 inscrições a menos), seguido pelo Sudeste, com diferença de 395.406.

Logo após vem a Região Sul, com um número 111.634 menor do que o apresentado em 2008. As menores diferenças foram no Centro-Oeste (32.405) e no Norte (25.943). Quando se analisa por faixa de ensino, a queda também foi notada em vários segmentos. A exceção ficou nas creches, que registraram um aumento de 6% no número de matrículas no período. Na pré-escola, a queda foi de 3,5% e nas turmas de 1ª a 4ª série, de 2,8% (mais informações nesta pág.).

Para especialistas ouvidos pelo Estado, a aprovação dos alunos na educação básica, que impulsionou o fluxo escolar no Brasil, é apontada como positiva. A maior fluência na escola significa que cada vez mais os estudantes estão completando os ciclos de ensino - ou seja, estão concluindo as séries e repetindo menos. "Como antes tínhamos mais reprovações e muita gente fora da escola, foram criadas políticas de estímulo à permanência, como a progressão continuada", explica Romualdo de Oliveira, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). A maior permanência na escola significa que um número cada vez maior de alunos vai acabar o ciclo em que está matriculado, sem desistir. "Quando você tem um número maior de pessoas concluindo, você completa o ciclo e o número total de matrículas diminui naturalmente."

O decréscimo das matrículas também pode apontar que os estudantes mais velhos, que não fazem parte da faixa etária da educação básica (até os 18 anos), estejam terminando os estudos. "É uma questão de pagar a dívida social com os que estavam atrasados", diz Oliveira.

Apesar das indicações positivas, os especialistas apontam a questão da qualidade do ensino ainda como preocupante. Identificar as crianças que não estão na escola, acompanhar aqueles que têm idade superior à faixa etária adequada e identificar os estudantes que estão em defasagem de conteúdo são os maiores desafios. "Esse fluxo maior na educação básica é fato, mas o governo deve investir na qualidade", afirma Maria Amabile Mansutti, coordenadora técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).