Título: China e Rússia moderam texto
Autor: Chacra,Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/09/2009, Internacional, p. A12

Posição dos dois países desanima potências ocidentais A resolução contra a proliferação nuclear acabou aprovada ontem por consenso pelos 15 membros permanentes e temporários do Conselho de Segurança da ONU. Contudo, a omissão de uma referência ao Irã e à Coreia do Norte no texto final demonstra que dificilmente o organismo será capaz de adotar uma ação coletiva para frear os programas nucleares dos dois países párias.

Entre as potências com poder de veto na instância máxima da ONU, EUA, França e Grã-Bretanha pressionavam pela inclusão de Teerã e Pyongyang na resolução antiproliferação. Rússia e China, entretanto, ameaçaram vetar uma proposta que citasse qualquer país.

Ao final, o conselho teve de adotar um texto com um tom geral e moderado, segundo o qual "evidências de violações de compromissos internacionais" terão como resposta "sanções muito duras".

A reação da delegação chinesa na ONU à resolução desanimou ocidentais. "Acreditamos que sanções e o aumento da pressão não são a forma de resolver o problema", respondeu o porta-voz da chancelaria chinesa, Jiang Yu, ao ser questionado sobre a posição de Pequim em relação ao Irã.

A Rússia havia moderado sua oposição a uma nova rodada de sanções contra o programa nuclear iraniano. Na quarta-feira, o presidente Dmitri Medvedev dissera em encontro com seu colega americano, Barack Obama, que sanções são raramente produtivas, "mas muitas vezes são inevitáveis".

Tradicionalmente, a China evita se isolar no conselho. Diplomatas ocidentais, assim, haviam calculado que, uma vez desbancada a oposição russa às medidas contra Teerã, os chineses seguiriam o movimento de Moscou - ou, pelo menos, se absteriam em uma votação.

Mas ainda não se sabe até que ponto a China irá em sua oposição no conselho. Especula-se que a chancelaria chinesa esteja seguindo na ONU a atual linha do partido. Mas ela poderia ser revista pela alta cúpula de Pequim.

QUEDA DE BRAÇO

EUA, Grã-Bretanha e França - Querem uma nova rodada de medidas da ONU contra o programa nuclear iraniano

Rússia - Não apoia sanções, mas diz que pode rever posição

China - Afirma ser contra "sanções" e "aumento da pressão"