Título: Investimento em pesquisa deve ganhar novo fôlego
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/09/2009, Vida&, p. A21

Pesquisadores brasileiros comemoraram os resultados da vacina antiaids. Alexandre Grangeiro, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, considerou os dados com o protocolo usado na Tailândia "uma novidade promissora". Ele recorda que as atuais estratégias para conter a epidemia parecem ter chegado a um ponto de estagnação. "Uma vacina contribuiria para avançar no combate à doença."

Os resultados negativos obtidos com outras vacinas teriam contribuído para diminuir os esforços na área. "O novo protocolo reverte essa perspectiva negativa", diz. "As pesquisas devem receber um novo ânimo."

O responsável pela unidade de pesquisa em vacinas do Centro de Referência e Tratamento em DST/aids de São Paulo, Artur Kalichman, considera importante pesquisas amplas como a feita na Tailândia. Mas, para ele, o produto ainda não deve ser licenciado. "Para ser usado na África e ter um impacto positivo, a eficácia precisaria ser de, pelo menos, 40%", afirma. "Na Europa, no Brasil ou nos Estados Unidos deveria funcionar em mais de 70% das imunizações."

Mesmo assim, Kalichman comemora. "É a primeira vez que surge uma resposta imunológica ao vírus produzida por uma vacina", aponta. "Com os fracassos anteriores, muita gente disse que não valeria a pena realizar testes clínicos tão cedo."

Paulo Teixeira, consultor do Programa das Nações Unidas para Aids, também aponta que os investimentos podem crescer. A maior parte, atualmente, vem de programas governamentais e instituições sem fins lucrativos. Teixeira e Kalichman apontam que o resultado pode animar a iniciativa privada a investir mais.

Quanto ao futuro, Grangeiro considera importante garantir que todas as pessoas tenham acesso à vacina, especialmente os países mais pobres.