Título: Desemprego cai e indica que recessão pode estar chegando ao fim nos EUA
Autor: Chacra, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/08/2009, Economia, p. B1

Índice de desemprego cai de 9,5% para 9,4% em julho, surpreendendo analistas, que esperavam alta no mês

Depois de subir por 15 meses seguidos, a taxa de desemprego nos EUA ficou praticamente estável em julho, com leve queda de 0,1 ponto porcentual em relação a junho, para 9,4%. O índice, festejado pelo governo e o mercado, contrariou a previsão dos economistas de que haveria crescimento do desemprego.

Segundo dados divulgados ontem pelo Departamento de Trabalho dos EUA, foram perdidos 247 mil empregos em julho e hoje há 14,5 milhões de pessoas sem trabalho. Esse número ficou abaixo da média de 331 mil vagas cortadas no segundo trimestre e bem inferior aos índices do auge da crise, entre novembro e janeiro, quando cerca de 645 mil americanos eram postos para fora do mercado de trabalho todo mês.

Essa leve redução no desemprego é a segunda boa notícia em poucos dias para o presidente Barack Obama, que enfrenta queda na popularidade. Na semana passada, a economia mostrou contração trimestral bem menor que nos períodos anteriores.

"Hoje, estamos na direção certa: perdemos empregos a uma taxa que é metade do que era quando assumi", disse Obama, na Casa Branca, pouco depois da divulgação dos dados. "Enquanto conseguimos recuperar a nossa economia de uma catástrofe, também começamos a construir as fundações para o crescimento."

Economistas afirmam que a estabilidade no desemprego indica o início do fim da recessão, mas é cedo para dizer que a economia retomou o crescimento do período pré-crise. Segundo eles, pode demorar até dois anos para que o desemprego retorne a níveis seguros para a economia, estimado em 5%.

"Uma coisa é superar a recessão, outra é voltar à tendência de crescimento de 3,5% ao ano, necessária para que o índice de desemprego volte aos níveis anteriores à crise", disse o professor de economia da Universidade Colúmbia Helius Herrera. Segundo ele, taxas como a de outubro de 2007, inferior a 5%, não ocorrerão nem em 2010.

O economista Gary Burtless, do Instituto Brookings, advertiu que a queda na taxa é, em parte, consequência da "menor procura por emprego". Ao todo, 796 mil americanos desistiram de procurar trabalho, 335 mil a mais que um ano atrás.

Assim, disse ele, ao Estado, a oscilação negativa de 0,1 ponto porcentual não pode ser classificada de queda. Mas outro indicador divulgado ontem, que mostra aumento na produtividade dos trabalhadores empregados, demonstra que a economia voltou a crescer. "Está claro que a tendência é de retomada do crescimento e de estabilidade no desemprego. O problema é que ainda não é suficiente para a redução no índice."

Segundo o Departamento do Trabalho, o total de desempregados no longo prazo (mais de 27 semanas) cresceu 584 mil, para 5 milhões. De cada três desempregados, um não consegue vaga há mais de seis meses. Nos EUA, há 8,8 milhões de pessoas que trabalham meio período porque não conseguem emprego em tempo integral.