Título: Pupunha, teca, pimenta e paixão pelo dendê
Autor: Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2008, Vida&, p. A22

Massao: SP, Altamira e Tailândia

Em Tailândia, a série da TV Bandeirantes sobre os cem anos da chegada dos primeiros migrantes japoneses ao Brasil tem um espectador fiel. Ele se emociona de tal forma que, não raro, dá a impressão de que quer pular para o lado de lá da tela e virar personagem da história. Trata-se do empresário Massao Ozaki, de 52 anos, ex-madeireiro, filho de imigrantes japoneses.

Em 1981, aos 26 anos, Massao decidiu aventurar-se. ¿Eu não queria ser mais um filho de migrante japonês em São Paulo. Como tinha lido muito sobre projetos na Transamazônica, Jari, terras no Araguaia e Tocantins, pensei: `É pra lá que vou¿.¿ Com a roupa do corpo, tomou vários ônibus rumo a Altamira, no Pará. Acabou ficando em Tailândia, naquela época um povoado com pouco mais de cem casas, onde o governo do Pará fizera seu primeiro projeto de assentamento.

Um primo de Massao já estava em Tailândia, puxando toras de madeira para a atividade que se iniciava. Chamou-o para trabalhar com ele. ¿Fui ajudar no caminhão. Era uma aventura. A gente ia buscar óleo diesel a 500 km de distância.¿ Mas o primo escondeu dele o fato de que estava quebrado. Logo teve de entregar o caminhão. Massao, então, candidatou-se a um lote de terras destinado aos colonos. Ganhou 100 hectares do Instituto de Terras do Pará (Iterpa). Em 1983 fez um projeto de plantio de 3 hectares de seringueiras e de 10 hectares para arroz.

Derrubado pela malária, que o deixou de molho por dois meses em Belém, Massao perdeu o período de colheita e todo o arroz. ¿Decidi que não trabalharia mais na roça. Iria para a cidade.¿ Acabou encontrando um outro descendente de japonês que o chamou para trabalhar com a única atividade que gerava emprego na cidade: as madeireiras. Virou sócio.

Com a rápida ascensão econômica numa cidade tão pequena, era natural que entrasse para a política. Elegeu-se vereador em 1988 e vice-prefeito em 1992, pelo PMDB. Em um ano já tinha brigado com o prefeito, Francisco Alves Vasconcelos, o Baratão. Não voltou mais à prefeitura. Envolvido com as atividades políticas, encontrou sua madeireira no vermelho e cercada por exigências de um mundo que cobra pela derrubada de árvores.

Chamou os funcionários, dispensou-os, pagou as indenizações e viu que não tinha outra saída a não ser fechá-la. Juntou todo o dinheiro que ainda restava e virou-se para a hotelaria. Dez anos depois, com o dinheiro do negócio e da venda da gleba recebida do Iterpa, comprou 50 hectares a nove quilômetros da cidade, na beira do asfalto.

Deu início então à plantação de pimenta-do-reino. No mesmo terreno, pôs pés de pupunha e mil mudas de teca (Tectona grandis), madeira mais valorizada do que o mogno, originária do Laos, Camboja, Vietnã e Indonésia, que se adapta muito bem ao clima úmido e quente da Amazônia e já vem sendo usada para a recuperação de áreas degradadas.

¿Quando as tecas estiverem adultas, e eu conseguir 1 metro cúbico em cada árvore, vou apurar R$ 1 milhão com elas¿, calcula. Há dois anos e meio, Massao entrou no projeto que mais o apaixona, o dendê. ¿Nada é melhor do que o dendê.¿ Ele tem 100 hectares da palmeira.

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