Título: Campanha quer incentivar uso de sacola retornável
Autor: Vieira, Márcia
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2008, Vida&, p. A25

Prática de dispensar embalagens de plástico em supermercados ainda é exceção entre consumidores

Elas ainda são minoria. Chegam ao supermercado ou à feira carregando suas sacolas, geralmente de lona ou fibra, e dispensam sacos plásticos para levar as compras para casa. Uma atitude ecologicamente correta, comum em países como França e Alemanha, já que uma sacola plástica demora até 450 anos para se desintegrar.

A bióloga Carla Conde é pioneira. Começou a usar a própria bolsa de compras há 16 anos, ainda no rastro da onda verde que invadiu o Rio com a ECO-92. Naquela época, usava às vezes a sacola de pano. Mas há oito anos radicalizou. Sacolas de plástico nem pensar. No início, os outros clientes no supermercado estranhavam. Aos poucos, mudaram. ¿Hoje em dia já acham normal. Usar sua própria sacola virou fashion¿, diz Carla.

Para que pessoas como ela não sejam exceção, o Ministério do Meio Ambiente decidiu lançar a campanha ¿A Escolha é Sua, o Planeta é Nosso¿. Entre os dias 10 e 15 deste mês, o Departamento de Economia e Meio Ambiente da pasta incentivará o uso de sacolas retornáveis, as ¿ecobags¿ , com o objetivo de reduzir a circulação de embalagens de plástico. Fernanda Altoé Daltro, técnica do ministério, espera que a campanha desperte a consciência dos brasileiros para diminuir a circulação de um dos vilões da degradação ambiental. ¿Quando as pessoas levam em conta a variável ambiental, praticam o consumo sustentável.¿

A campanha ensinará atitudes simples. ¿No lugar de levar quatro sacolas de plástico em cada compra, podemos levar nossas bolsas retornáveis ao supermercado e usar apenas uma plástica. O importante é reduzir o consumo¿, diz.

O ministério não cogita propor soluções drásticas como a que o governo da China tomou. Com o aquecimento da economia, os chineses aumentaram muito o consumo, inclusive das embalagens plásticas. Em um único dia, os chineses gastavam 3 bilhões de sacolas. O impacto no ambiente foi tão forte que, em junho de 2007, o governo proibiu o uso delas em supermercados. Vetou também sacos para embalar frutas e verduras. A medida fez com que os chineses voltassem a usar bolsas de pano e cestas de vime.

MODA

As ¿ecobags¿ vêm ganhando força nos últimos anos. Somente uma rede de supermercados vendeu, desde 2005, cerca de 140 mil sacolas retornáveis, das quais 30 mil no último trimestre do ano passado. O Rio é o campeão de vendas. As lojas cariocas comercializam 25% a mais que as outras filiais.

Grifes chiques de roupas femininas também lançaram suas sacolas. É o caso da MaraMac, no Rio, que vendeu mais de 1.500 bolsas em pouco mais de seis meses. ¿Reponho o estoque e a bolsa esgota¿, diz Mara MacDowell, dona da grife. A bolsa parece uma carteira quando dobrada. Aberta vira um sacolão. Custa R$ 70. Há modelos mais baratos, como a vendida pela organização não-governamental Recicloteca, que funciona em um casarão em Laranjeiras, zona sul do Rio. Custa R$ 10.

Em São Paulo, a Prefeitura lançou recentemente uma campanha para tentar reduzir o uso de sacolas plásticas.

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