Título: Solução, diz secretária, é investir na juventude
Autor: Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/02/2008, Nacional, p. A8

Com base em pesquisa inédita do Ipea, ministério garante que, na faixa atendida pelo Bolsa-Família, freqüência escolar é 3,6% acima das demais

A realidade dos jovens de famílias pobres que deixam a escola depois de perderem o Bolsa Família não é desconhecida do governo federal. Apesar de questionar o cruzamento feito pelo Estado, alegando ¿não conhecer¿ os dados, a secretária de Renda e Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social, Rosani Cunha, confirma que o abandono é um problema, a ponto de o ministério ter decidido estender a bolsa para jovens até 17 anos, incluindo a possibilidade de a família receber por mais dois filhos nessa faixa etária.

¿A gente sabe que é um problema, especialmente a partir dos 15 anos. Se esse não fosse um problema para o País, não haveria todo um programa voltado para a juventude¿, afirmou. ¿Mas não vejo relação entre o Bolsa Família e o aumento do abandono escolar¿, acrescentou a secretária.

Ao contrário, garante Rosani, um estudo ainda inédito do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) mostra que, na faixa etária atendida, a taxa de freqüência escolar seria 3,6% acima dos demais alunos. No Nordeste chegaria a ser 7,1% além dos alunos fora do programa. A evasão escolar seria até 2,1 pontos porcentuais menor com o Bolsa Família do que entre crianças pobres que não estão no programa. O estudo, no entanto, levou em conta apenas a faixa etária de 7 a 14 anos atendida pelo programa. Não considerou o que acontece após essa idade.

Outro levantamento, feito pelo próprio Ministério do Desenvolvimento Social, dá uma idéia do caminho percorrido pelos jovens pobres. O gráfico apresentado ao Estado mostra que a maioria das crianças pobres entra na escola mais tarde, em torno dos 8 anos, e começa a sair em torno dos 14. Aos 17, quando o normal seria estarem terminando o ensino médio, menos da metade ainda está estudando. ¿Por isso a nossa proposta de ampliação da idade¿, explica.

Este mês, o Bolsa-Família passará a pagar para que as famílias também mantenham os filhos nas escolas até os 17 anos. Cada família com um filho de 16 ou 17 anos receberá mais R$ 30 por adolescente que estiver estudando, num limite de dois. Com isso, o pagamento máximo para cada família, que hoje é de R$ 112, passará a ser de R$ 172. A estimativa é de que há 1,75 milhão de jovens nessa faixa etária em famílias atendidas pelo programa.

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