Título: Estudo localiza célula-tronco adulta em vasos sanguíneos
Autor: Henrique, Brás
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2008, Vida &, p. A16

Pesquisa da equipe do Hospital das Clínicas da USP Ribeirão foi publicada na 'Experimental Hematology'

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto concluíram, após cinco anos, um estudo que demonstra que as células-tronco adultas mesenquimais estão nas paredes de todos os vasos sanguíneos. Antes disso, essas células eram mais encontradas na medula óssea.

A pesquisa, feita por profissionais do Hemocentro e do Hospital das Clínicas (HC), foi publicada na edição de março da revista científica internacional Experimental Hematology. 'Esse é um conceito novo e muda a nossa visão sobre essas células', diz o pesquisador Dimas Tadeu Covas, que preside o Hemocentro e é professor da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão.

Células-tronco, adultas e embrionárias, são células indiferenciadas e, por essa característica, têm o potencial de serem usadas no tratamento de diferentes doenças degenerativas, como lesões cardíacas. As mesenquimais dão origem a componentes do sangue. 'Estando nos vasos sanguíneos, elas controlam inúmeros mecanismos de reparo e regeneração', afirma o cientista.

Segundo Covas, os resultados da pesquisa ainda são iniciais e agora é necessário entender essa célula para estudar a possibilidade de uso em tratamentos clínicos. 'Abriu-se uma avenida nova de investigação', afirma ele. 'Com a análise inicial, podemos intervir e começar a trabalhar especificamente com células de cada um dos tecidos, para ver como se comportam.'

O objetivo da equipe é estudar como elas agem no fígado, no cérebro e em outras partes do corpo. 'As células são todas irmãs.' Covas explica que, apesar da descoberta, a medula óssea continua sendo uma fonte importante de células-tronco adultas, por sua facilidade de obtenção.

Enquanto o uso de células-tronco adultas é permitido no Brasil, a utilização das embrionárias está sob julgamento no Superior Tribunal Federal (STF).

O pesquisador é desde quinta-feira representante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, por dois anos, na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Marco Antonio Zago, ex-presidente do Hemocentro e atualmente na presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), também participou da pesquisa.