Título: CPI dos Cartões aprova convite para Matilde depor
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/03/2008, Nacional, p. A9

Acusados de gastos indevidos, ministros Orlando Silva e Altemir Gregolin também terão de dar explicações

A CPI dos Cartões aprovou ontem o convite a 12 autoridades para que deponham, entre eles a ex-ministra da Igualdade racial Matilde Ribeiro e os ministros dos Esportes, Orlando Silva, e da Pesca, Altemir Gregolin. Todos os três fizeram uso indevido do cartão corporativo do governo. Por acordo, também foi aprovado convite ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e ao ex-ministro Paulo Paiva, que comandou a pasta entre 1998 e 1999, no governo Fernando Henrique Cardoso, época em que foram criados os cartões corporativos.

Também serão chamados o ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Walton Alencar Rodrigues, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Félix, e o ex-ministro do GSI Alberto Cardoso, o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, e o ex-diretor Mauro Marcelo de Lima e Silva, além de representante do Ministério Público no TCU. Os convidados não são obrigados a comparecer à CPI.

Na primeira sessão administrativa da CPI mista, que durou cerca de três horas, foi aprovado ainda requerimento do deputado Paulo Teixeira (PT-SP) de encaminhamento à comissão dos documentos não sigilosos sobre gastos dos últimos dez anos com cartões e contas do tipo B - em que servidores autorizados emitem cheques para aquisição de material e prestação de serviços. ¿Vai abranger os quatro anos do governo de Fernando Henrique¿, observou Teixeira.

Até ontem à noite, 151 requerimentos haviam sido apresentados. A presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), considerou ¿prejudicado¿ o que propunha chamar o governador de São Paulo, José Serra. ¿A questão estadual não vai entrar na CPI¿, afirmou ela.

SIGILOSOS

Por outro lado, governo e oposição fizeram um acordo para adiar para depois da Semana Santa a votação de requerimentos de acesso a documentos sobre gastos sigilosos da Presidência da República feitos com os cartões e as contas tipo B. A oposição, autora do pedido, considera esses dados essenciais para o aprofundamento das investigações da CPI. ¿É vital termos as informações sigilosas¿, disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

Com maioria folgada na comissão, o governo queria derrubar ontem mesmo o requerimento, provocando uma reação dos oposicionistas. ¿O que estamos discutindo é se a CPI vai existir ou se vai ser sepultada agora¿, alertou o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

Foi feito, então, o acordo adiando a votação. Mas os aliados deixaram claro que votarão contra abrir os gastos secretos da Presidência. ¿Temos que ver primeiro a questão do que é sigiloso¿, disse o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), relator da CPI. Os integrantes da comissão querem ouvir os atuais chefes do GSI e da Abin e seus antecessores justamente sobre as contas secretas. Só depois é que será votado o requerimento de envio de documentos com gastos secretos.

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