Título: Bush: EUA fazem tudo o que podem
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2008, Economia, p. B3

Presidente dos EUA elogia o Fed, e diz que o governo já tomou `medidas decisivas¿ e tudo fará para sair da crise

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse ontem que a economia do país passa por momentos ¿difíceis¿, mas ressaltou que o governo faz e fará o que for necessário para sair da crise. ¿Uma coisa é certa: passaremos por momentos difíceis¿, disse Bush, depois de se reunir com o secretário do Tesouro, Henry Paulson, e outros assessores econômicos. Segundo ele, o governo já tomou ¿medidas decisivas¿.

O presidente elogiou o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pelas medidas adotadas no fim de semana para melhorar a liquidez das instituições financeiras. Segundo ele, a decisão do Fed de cortar as taxas de desconto sobre seus empréstimos aos bancos e de adotar outras medidas para aliviar a crise de crédito mostra que os Estados Unidos acompanham de perto o problema e estão fazendo tudo o que podem para resolver a situação.

Paulson disse ontem que o governo Bush está ¿bastante satisfeito¿ com as ações do Fed para impulsionar o sistema financeiro. Ele reiterou a política de ¿dólar forte¿ da Casa Branca e evitou discutir uma intervenção nos mercados de câmbio para apoiar a moeda americana. ¿Não vou especular sobre hipóteses de intervenção. Vou apenas dizer novamente o que vocês já ouviram de mim antes: nós temos uma política de dólar forte, que é do interesse do país.¿

¿Quando for necessário, agiremos de forma decisiva¿, disse Bush, sem precisar quais outras medidas sua administração poderia adotar. Também afirmou que ¿as instituições financeiras (americanas) são fortes¿ e os mercados estão funcionando de forma eficiente.

As declarações de Bush foram feitas depois que o Fed teve de resgatar na sexta-feira o banco de investimentos Bear Stearns, uma instituição lendária de Wall Street que ficou à beira da quebra, diante da incapacidade de arrecadar dinheiro a curto prazo no mercado. O banco, fundado em 1923, fez grandes investimentos em ativos vinculados a hipotecas de alto risco, cujo valor apresentou grande queda. Além disso, tinha menos capital do que alguns de seus rivais, como Citigroup e Merrill Lynch.

Nos últimos dias, outros bancos se negaram a emprestar dinheiro ao Bear Stearns, diante da crescente percepção de risco, o que o deixou sem liquidez para continuar financiando suas operações. O temor agora é que a escassez de crédito que ameaçou o Bear Stearns, adquirido pelo JP Morgan, afete outras instituições financeiras.