Título: FMI e OCDE vão reduzir projeções de crescimento
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2008, Economia, p. B4

Para Strauss-Kahn, diretor-gerente do Fundo Monetário, a crise é global e exige respostas globais

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, afirmou ontem que a situação da economia mundial é ¿cada vez mais séria¿. Segundo ele, ¿o sistema como um todo está arrefecendo¿ e as estimativas do FMI para o crescimento econômico mundial ¿são mais débeis¿ que as divulgadas em fevereiro.

A revisão dos cálculos econômicos afeta os Estados Unidos, a Europa e as economias emergentes, mas essas continuarão representando o peso básico do crescimento econômico, afirmou. Ele disse que não se pode esperar que os países emergentes estejam imunes à crise.

Perguntado sobre a probabilidade de recessão nos Estados Unidos, Strauss-Kahn respondeu que essa é ¿uma questão técnica¿ e a única certeza é de que ¿existe uma desaceleração¿ e haverá menos crescimento.

O chefe do FMI, que participou de uma reunião da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre reformas estruturais na Europa, insistiu que o mundo está ¿encarando uma crise global¿ e precisa dar uma resposta, destacando que o FMI é a instância adequada para consultas, o que já ocorre.

¿Quando se vive uma crise global, é necessário apresentar respostas globais (...) Quando as coisas estão mal, a globalização continua e, portanto, as respostas devem ser globais, elaboradas em conjunto, particularmente com instituições como o FMI¿, comentou.

Perguntado sobre a necessidade de uma ação para deter a desvalorização do dólar, Strauss-Kahn explicou que o Fundo dá conselhos aos Estados Unidos, mas não os torna públicos. Ele reconheceu que a situação ¿é mais tensa¿ nos mercados de câmbio e admitiu que o euro está supervalorizado.

Também disse que, no médio prazo, a evolução de algumas moedas correspondia à situação dos balanços de pagamento dos países.

Strauss-Kahn deu respaldo à ação do Federal Reserve (Fed, banco central americano) no fim de semana para salvar o banco americano Bear Stearns e disse que ¿os bancos centrais administraram bem a questão da liquidez¿ e não há razão para que não continuem tomando a mesma atitude nas próximas semanas. Segundo ele, uma ação planejada passa primeiramente por ¿estímulos fiscais¿ para países que dispõem de margem nas contas públicas.

A OCDE divulgará na quinta-feira novas perspectivas econômicas, antes da publicação de seu relatório semestral de maio, e o secretário-geral da organização, Angel Gurría, sem mencionar números, deu algumas pistas sobre as previsões.

¿Há uma queda na atividade econômica mais acentuada nos Estados Unidos que na Europa¿, disse Gurría. Ele também insistiu que existe ¿mais risco de queda de crescimento do que de aumento da inflação¿.

Sobre a América Latina, Gurría disse que ¿está mais preparada¿ para enfrentar a crise financeira e o impacto será sentido no comércio e nos investimentos. Ele destacou que os exportadores de matérias-primas se sairão bem da crise em razão dos preços desses produtos e de estarem recebendo investimentos.