Título: Planalto avalia que, por enquanto, só resta observar
Autor: Fernandes, Adriana; Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2008, Economia, p. B5

'Acompanhamos a crise de olhos bem abertos e com muita atenção', diz um auxiliar do presidente Lula

O agravamento da crise financeira internacional acendeu a luz amarela no Palácio do Planalto. ¿Acompanhamos a crise de olhos bem abertos e com muita atenção¿, disse um auxiliar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ¿É uma incógnita o que vai acontecer e vamos levar de seis a oito meses para ter uma idéia da extensão do problema.¿ Apesar da preocupação, comenta-se com alívio no Planalto que o Brasil não entrou nos mercados subprime e o comércio exterior segue inalterado. As cotações das commodities, que representam boa parte das exportações, não foram afetadas. A avaliação no Planalto é que, no momento, não há o que fazer além de acompanhar com atenção o processo.

A ¿crise da jogatina¿, como está sendo chamada nos bastidores do governo, foi um dos temas da reunião do grupo de coordenação política. No encontro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse a Lula que a crise ¿é delicada¿, segundo participantes. Para ilustrar a profundidade do problema, Mantega mencionou a quebra do Banco Bear Sterns, que acaba de ser comprado pelo JP Morgan.

Mantega, de acordo com o relato, afirmou na reunião, realizada no Palácio do Planalto, que têm sido ¿produtivos¿ os resultados das medidas que o governo adotou na área cambial com o objetivo de incentivar as exportações, prejudicadas pela desvalorização do dólar ante o real. Entre as medidas, está o fim do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 0,38% que era cobrado nas exportações.

Segundo o ministro da Fazenda, a situação da economia brasileira ¿é bastante positiva¿. Mantega mencionou como fatos recentes favoráveis a aprovação do Orçamento da União de 2008 pelo Congresso e o crescimento de 5,4% em 2007, divulgado na semana passada.

SERENIDADE

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Mário Mesquita, disse que o BC acompanha com atenção os movimentos dos mercados internacionais. Apesar de reconhecer a existência de ¿cenários alternativos adversos¿ para a economia e sistemas financeiros globais, ele reafirma que a melhora da posição financeira externa do País sob o regime de câmbio flutuante permite enfrentar com serenidade esse período ¿de significativa turbulência¿ nos mercados.

Os comentários foram feitos na abertura do seminário ¿O Euro: implicações globais e relevância para a América Latina¿, que termina hoje em São Paulo, do qual participa também o presidente da Comissão Européia, José Manoel Durão Barroso.