Título: Governador negociou para evitar protestos
Autor: Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/03/2008, Nacional, p. A6

CUT e MST planejavam ato contra mudança no Incra durante visita de Lula

Fausto Macedo, Campo Grande

Operação-abafa livrou ontem o presidente Lula de um ato de protesto que movimentos populares chegaram a articular contra mudanças na direção do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Campo Grande.

Para evitar constrangimentos ao presidente, o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), antecipou-se e fez contatos com a cúpula das entidades que estavam mobilizadas, entre elas a CUT /MS e a coordenação estadual do Movimento dos Sem-Terra (MST).

Puccinelli ponderou sobre a impertinência de uma manifestação hostil ao presidente, de quem é aliado. O peemedebista chamou Lula de ¿o maior governador que o Mato Grosso do Sul já teve¿.

O próprio Lula decidiu reunir-se com os líderes das organizações, o que ocorreu ainda na Base Aérea de Campo Grande, onde ele chegou às 9h15. Durante cerca de 40 minutos, o presidente ouviu os apelos de seus interlocutores, que lhe entregaram uma carta com 10 pontos de reivindicação.

O documento é subscrito por Geraldo Teixeira de Almeida, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Paulo César Farias, coordenador-geral da Federação da Agricultura Familiar, Egídio Domingos Brunetto, da coordenação estadual do MST, e Alexandre Júnior Costa, presidente da CUT/MS.

É um manifesto contra a saída do engenheiro agrônomo Luís Carlos Bonelli da superintendência do Incra/MS.

Muito respeitado pelos sem-terra, Bonelli foi substituído por Flodoaldo Alves Alencar, médico veterinário e professor licenciado da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Flodoaldo é indicação de um senador do PMDB.

A troca no Incra foi acertada no auge da crise da CPMF, quando o governo esforçou-se para não perder o tributo.

Segundo as lideranças, a mudança no Incra provocou instabilidade e impactos. A carta ao presidente sustenta que a alteração no instituto impediu a aplicação do crédito fomento, ocasionando a perda do período de safra, ¿que terá como conseqüência a fome¿.

Lula ouviu as queixas e disse que o Incra obedece a uma política de caráter nacional. Ele explicou que os únicos funcionários efetivos em seu governo são os concursados e que nem a direção do Incra e nem ele próprio são efetivos.

À tarde, depois da tranqüila festa do PAC, na Vila Popular, e depois que Lula retornou a Brasília, Brunetto, do MST, afirmou que não pretendia fazer pressão e nem protesto.

Links Patrocinados