Título: Iata defende consolidação mundial no setor aéreo
Autor: Komatsu, Alberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2008, Negócios, p. B20

Associação das companhias diz que defesa de empresas nacionais está matando o setor

Giovani Bisignani, diretor-executivo da Iata, alertou que a atitude protecionista dos governos em relação às empresas aéreas que carregam a bandeira do país estão exacerbando a desaceleração do setor. Segundo ele, os preços do petróleo subindo vertiginosamente e as economias em desaceleração estão deixando preocupadas as empresas aéreas, que aumentaram a capacidade, comprando aviões, mas agora lutam para que todos os assentos sejam ocupados.

¿Os governos em todo o mundo dizem que não podem perder a empresa que carrega sua bandeira. Eu digo sempre que essa bandeira na cauda do avião está matando nossa indústria.¿ O executivo da Iata advertiu que este ano seria ¿doloroso¿. As previsões de lucro do setor para 2008 foram reduzidas de US$ 7,8 bilhões para US$ 5 bilhões. E as dificuldades financeiras estão obrigando uma empresa aérea por mês a sair da Iata, que hoje tem 240 empresas como membros.

Bisignani advertiu que o setor enfrenta uma estagnação, com o preço do petróleo provocando uma elevação dos custos, ao mesmo tempo em que a economia global mais debilitada reduziu os ganhos. ¿Estamos com excesso de capacidade. O preço médio dos bilhetes está em queda e precisamos pensar numa consolidação.¿

Essa consolidação é impossível porque países como os Estados Unidos proíbem o controle majoritário de empresas aéreas por grupos estrangeiros. A British Airways já foi impedida de adquirir o controle da espanhola Iberia, e precisou juntar-se a um consórcio liderado por empresas espanholas.

¿O setor perdeu US$ 42 bilhões desde 11 de setembro. O primeiro lucro que obtivemos, no ano passado, foi de US$ 5,6 bilhões. Sem querer ofender nossos membros, isso é uma miséria. É uma margem de apenas 1%. Somos o única setor no mundo em que, se você quer exportar seu produto, precisa de um tratado internacional.¿

Aquisições internacionais são complicadas por causa das cláusulas impostas pelos países. No caso da Ibéria, por exemplo, os governos latino-americanos poderiam retirar os acordos de vôo se a companhia aérea de bandeira espanhola fosse adquirida por uma empresa estrangeira. ¿Não podemos fazer uma consolidação porque perderemos nosso direito de voar¿, disse.