Título: Líder das Farc morto por rebelde teria executado 200 guerrilheiros
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/03/2008, Internacional, p. A14

Dados do computador de Iván Ríos revelam paranóia do grupo com infiltração

Efe, AFP e AP, Bogotá

Ivan Ríos, membro da cúpula das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) morto na semana passada por um de seus seguranças, mandou executar mais de 200 rebeldes entre 2005 e 2007, segundo informações que estavam em seu computador, publicou ontem o jornal colombiano El Tiempo.

O jornal, que disse ter obtido a informação de fontes militares, divulgou que no computador de Ríos havia relatos sobre os ¿conselhos de guerra¿, com os nomes dos rebeldes acusados de infiltração nas Farc, e dos ¿juízes¿ designados pelos guerrilheiros, e o ¿júri¿. O diário destacou que, no final, ocorriam as votações, que quase sempre terminavam em condenação. Na maioria dos julgamentos os rebeldes eram acusados de infiltração, mas a pena máxima também era aplicada em casos de desobediência ou faltas menores.

Ríos e sua namorada foram mortos pelo guerrilheiro Pablo Montoya, conhecido como Rojas, que decepou a mão do líder rebelde e a levou, com documentos e o computador, às autoridades para comprovar sua identidade. As evidências coincidem com as declarações de Rojas, que descreveu Ríos como um matador implacável.

Rojas disse ter matado Ríos, porque acreditava que o líder rebelde desconfiava dele e pretendia submetê-lo ao ¿conselho de guerra¿. Segundo Rojas, Ríos ficou paranóico ao saber da morte de Raúl Reyes - numa ofensiva militar colombiana em território equatoriano no dia 1º - e acreditava que seu acampamento seria atacado.

Segundo a revista colombiana Cambio, um desertor das Farc colaborou na morte de Ríos. O homem de 35 anos, que não teve a identidade divulgada, foi contatado pela inteligência militar em outubro, após ele se apresentar ao Programa de Desmobilização. Os militares autorizaram o retorno do desertor à Frente 47 para que entrasse em contato com Rojas, um amigo que, segundo ele, poderia ser convencido a entregar a comandante Nelly Ávila, conhecido como Karina. Rojas foi enviado a outro acampamento, mas concordou em matar Ríos.

REBELDES PRESOS

A irmã de um seqüestrado das Farc disse ontem na Colômbia que o reconheceu nas imagens de TV dos rebeldes capturados na semana passada no Equador. A mulher disse à TV Caracol ter certeza de que um deles é seu irmão, Carlos Andrés Alpalá, de 23 anos, seqüestrado em meados de 2006. Ela pediu ajuda ao Equador e à Colômbia para obter sua repatriação.

Ainda ontem, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, telefonou para seu colega colombiano, Álvaro Uribe, num esforço para restabelecer a confiança mútua, informou o governo da Colômbia. Foi a primeira conversa telefônica entre eles desde novembro, quando Uribe decidiu pôr fim à mediação de Chávez para a libertação de reféns das Farc.

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