Título: Los Galanes ganham abrigo
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2008, Nacional, p. A21
Ministério da Justiça concede status de refugiados políticos a três músicos cubanos
O Comitê Nacional para Refugiados (Conare) do Ministério da Justiça decidiu ontem, por unanimidade, conceder o status de refugiados a três músicos cubanos integrantes do grupo Los Galanes. No fim do ano passado, eles desapareceram em Pernambuco, onde faziam shows, recusando-se a retornar a Cuba.
Arodes Verdecia Pompa, Juan Alcides Diaz Sosa e Miguel Angel Nunes Costafreda fugiram da pousada onde estavam hospedados, em Olinda, na véspera do retorno para Cuba. ¿Não é um ato contra o governo cubano¿, afirmou o presidente do Conare e secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, ao justificar a decisão.
Ele explicou que, com a concessão de status de refugiados, os três músicos cubanos ficam proibidos de fazer qualquer atividade política contra Cuba. ¿Mas claro que a manifestação de pensamento é livre¿, observou Barreto. Os cubanos não poderão votar nem se candidatar a cargos eletivos no Brasil. Terão direito, se quiserem, a viajar para o exterior com um passaporte especial, de cor amarela, concedido a refugiados. Se também vierem para o Brasil, as famílias dos músicos ganharão automaticamente a condição de refugiadas.
Sob a alegação de que o processo é sigiloso, Luiz Barreto não quis detalhar os argumentos usados pelos três músicos cubanos para permanecer no Brasil na condição de refugiados. ¿Só posso dizer que eles alegaram que estavam sendo perseguidos¿, disse o presidente do Conare. Com a decisão do comitê, Arodes, Juan e Miguel poderão ter carteira de identidade e trabalhar no Brasil.
Esta é a segunda vez, em menos de um ano, que o governo brasileiro concede refúgio a cubanos. Em setembro do ano passado, dois atletas (um jogador de handebol e um ciclista) de Cuba, que abandonaram a delegação do país durante os Jogos Pan-Americanos, no Rio de Janeiro, também ganharam o status de refugiados. Na época do Pan, em julho, dois boxeadores cubanos também sumiram antes de se apresentarem para a competição. Depois de localizados, eles negaram que tivessem desertado para ficar no Brasil e voltaram a Cuba. ¿Os boxeadores nunca pediram refúgio¿, afirmou o presidente do Conare.
COREANO
Na mesma sessão, o comitê aprovou a extradição do coreano Chong Jin Jeon, ex-sócio da empresa Ásia Motors do Brasil. Ele foi condenado na Coréia por crime financeiro e será extraditado nos próximos 90 dias.
A extradição de Chong Jin Jeon foi pedida pela Coréia e autorizada, no ano passado, pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O coreano recorreu da decisão do tribunal. Chong também poderá recorrer da decisão de ontem do Conare ao ministro da Justiça, Tarso Genro. ¿Ele (Chong) praticou delito financeiro, que é um crime comum e, portanto, deve ser julgado pela Justiça de seu país. Não conseguimos identificar em seu processo qualquer elemento que significasse perseguição política¿, afirmou Luiz Barreto. Segundo ele, existem hoje 3.510 pessoas, de 50 nacionalidades, com status de refugiados no Brasil.
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