Título: Confronto entre manifestantes e polícia mata 7 e fere dezenas no Tibete
Autor: Trevisan, Cláudia
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2008, Internacional, p. A25

Lhasa é palco das mais violentas demonstrações das últimas duas décadas contra a ocupação chinesa da região

Sete pessoas morreram e dezenas ficaram feridas ontem em choques entre manifestantes tibetanos e forças policiais em Lhasa, nas mais violentas demonstrações contra a presença da China na região desde 1989, quando a Lei Marcial vigorou no Tibete por 13 meses. O número de mortos, ¿na maioria comerciantes¿, foi divulgado pela agência oficial Nova China. Segundo a rádio Free Asia, financiada pelos EUA, duas das pessoas que morreram foram vítimas de tiros das forças de segurança. O governo regional prometeu ¿lidar duramente¿ com os protestos.

Cerca de mil manifestantes incendiaram lojas, atiraram pedras contra os policiais e destruíram carros militares em Lhasa, capital tibetana. As ruas foram ocupadas pelas forças de segurança, que usaram bombas de gás lacrimogêneo e dispararam contra os manifestantes, segundo relatos feitos a agências internacionais.

A menos de 150 dias da Olimpíada de Pequim, a China enfrenta uma escalada de protestos contra seu governo no Tibete. As manifestações começaram na segunda-feira, aniversário do fracassado levante de 1959 contra o domínio chinês, que foi reprimido pelo Exército de Libertação Popular e levou ao exílio do dalai-lama, líder espiritual dos tibetanos. Na segunda e na terça-feira, 500 monges de três mosteiros nos arredores de Lhasa marcharam para lembrar a data.

Ontem, houve protestos em Lhasa e em duas outras províncias da China habitadas por tibetanos: Qinghai e Gansu. Na Índia e no Nepal, manifestantes pró-Tibete também entraram em choque com a polícia e dezenas de pessoas foram presas.

¿A situação é bastante séria¿, disse um morador de Lhasa à Associated Press. ¿Há um toque de recolher e militares bloqueiam todas as ruas para o centro da cidade. Quase todas as lojas estão fechadas.¿ Pequim determinou a suspensão de viagens de estrangeiros à região.

De seu exílio em Dharamsala, na Índia, o dalai-lama divulgou nota pedindo que o governo chinês pare de usar a violência contra os manifestantes. ¿Esses protestos são a manifestação do profundo ressentimento do povo tibetano contra o presente governo¿, afirmou. Ele apelou para que as divergências sejam resolvidas pelo diálogo.

As manifestações ocorrem durante a sessão em Pequim do Congresso Nacional do Povo, que se reúne uma vez por ano e ¿elegerá¿ amanhã os novos líderes da China, uma coreografia de cartas marcadas que dará mais cinco anos de mandato ao presidente Hu Jintao e ao premiê Wen Jiabao. Também serão ¿eleitos¿ os que serão seus sucessores daqui a cinco anos, Xi Jinping e Li Keqian, escolhidos em outubro no congresso do PC.

Links Patrocinados