Título: Miguel Jorge diz que houve exagero do BC na última ata
Autor: Lu Aiko Ott
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2008, Economia, p. B4

Ministro acha que não há nenhum risco de inflação de demanda, já que a indústria produz o suficiente

O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, disse ontem que houve um certo ¿exagero¿ na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada na quinta-feira, que informou ter cogitado elevar a taxa Selic em sua última reunião e deu sinais de que isso poderia ocorrer em abril, quando volta a se reunir.

Na avaliação de Jorge, não há nenhum risco de inflação de demanda no País, já que a indústria tem produzido o suficiente para atender ao consumo. O ministro admitiu ser normal que o BC e o ministério tenham visões diferentes a respeito desse assunto.

¿Acho que, do ponto de vista do ministério, não corremos risco de inflação de demanda. A indústria é capaz de atendê-la, portanto, não há riscos, em todas as análises feitas por nós¿, afirmou, após proferir palestra na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo.

¿Mas o BC, como todos os BCs, é conservador e tem que ser assim. Um BC progressista quebra um país. Portanto, tem que se preocupar, tem que agir preventivamente, tem que olhar para frente.¿

Perguntado, Jorge não disse se concordava com as avaliações de que as medidas anunciadas pelo governo nesta semana para conter a valorização do real eram inócuas. Mas ressaltou que essas são as primeiras de uma série de ações com o objetivo de elevar a competitividade da indústria e do exportador.

¿Virão outras medidas que podem, no conjunto, ter um efeito muito importante¿, disse. ¿É difícil fazer com que o dólar deixe de se desvalorizar, é um problema inerente ao dólar e à economia americana.¿

BERNARDO REFORÇA

Em Ribeirão Preto (SP), o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afastou a possibilidade de grandes intervenções no câmbio e considerou não haver razões para aumento da Selic. As declarações foram relatadas por fontes que estiveram em reunião fechada do ministro com empresários e executivos, organizada pelo Banco do Brasil, em um hotel de Ribeirão Preto (SP).

Segundo um empresário, Bernardo foi indagado por um dos presentes sobre a ata do Copom apontar a possibilidade de aumento de juros na reunião passada, onde foi decidida a manutenção. ¿O ministro disse que não vê razão para aumentar os juros neste momento¿, disse.

¿Sobre o câmbio, ele disse que não há mais o que fazer e o governo já tomou as medidas que podia. Bernardo detalhou ainda o projeto de reforma tributária e elogiou a economia brasileira.

Links Patrocinados