Título: Para Ipea, alta das taxas vai reduzir empregos
Autor: Lu Aiko Ott
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2008, Economia, p. B4

Caso o Banco Central decida elevar a taxa básica de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em abril, isso ¿significará menos empregos¿. A avaliação é do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, que ontem participou da aula inaugural no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O economista considera que uma alta dos juros influirá para valorizar o real. Pochmann segue a linha de pensamento econômico desenvolvimentista, a mesma do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que esta semana anunciou medidas para conter a valorização do real.

Para ele, uma taxa mais alta atrairia mais recursos de investidores estrangeiros para títulos públicos e poderia inibir investimentos produtivos. Com a desvalorização do dólar, é mais interessante aos produtores importarem insumos. Isso prejudica a indústria nacional e os empregos, argumenta.

Pochmann afirmou que considera o debate sobre economia no País ¿primitivo¿, por se concentrar no tema da inflação e no curto prazo. Para ele, o BC deveria ter como objetivo também a geração de emprego e não só a inflação. O economista citou o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), que ¿tem visão mais ampla¿.

Ele teme que uma política de combate à inflação concentrada no curto prazo e em juros altos possa ¿matar a sustentabilidade¿ do crescimento econômico por desestimular investimentos diretos em produção. ¿O investimento é a melhor política antiinflacionária que temos¿, disse, referindo-se ao aumento da oferta de produtos.

Ele reconheceu que a construção de uma fábrica ¿leva tempo e o consumo está crescendo agora¿. Acha que o Brasil pode crescer este ano tanto quanto em 2007, quando o PIB avançou 5,4%. Para ele, é um ritmo bom em relação à média histórica brasileira, mas muito pouco ante outros países.

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