Título: Para OCDE, economia dos EUA já está se estagnando
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/03/2008, Economia, p. B4

A economia americana está parando e caminha para uma estagnação total nos próximos meses. Essa é a conclusão da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE), que ontem reduziu de forma drástica a previsão de crescimento do PIB dos Estados Unidos.

O relatório chega a dizer que há a possibilidade de já existir uma contração na economia americana. A notícia alimentou os sentimentos do mercado de que a recessão estaria se concretizando. ¿A economia americana está se estagnando, se é que já não está se contraindo¿, alertou a OCDE. Se confirmada, essa seria a primeira vez em seis anos que a economia americana deixaria de crescer.

A entidade ainda faz um alerta para os mercados emergentes e demais economias. ¿A economia real não está protegida das turbulências financeiras¿, afirmou. Um dos fatores é a demanda menor, influenciada pela queda nas bolsas e no setor imobiliário.

Segundo a nova previsão da OCDE, o PIB americano terá alta de apenas 0,1% nos três primeiros meses do ano e crescimento nulo entre o primeiro e segundo trimestre. A previsão anterior, de dezembro, era de um crescimento de 0,3% e 0,4% para os mesmos períodos, respectivamente.

¿Talvez seja prematuro declarar que a economia americana está em recessão, mas há um ritmo de atividade bem abaixo do potencial de crescimento¿, afirmou a entidade, que tem sede em Paris.

Parte fundamental do problema seria a crise no setor imobiliário, que retirou da economia americana 1 ponto porcentual de seu crescimento nos últimos dois anos. Segundo a OCDE, o impacto continuará a ser sentido neste ano.

Quanto à inflação, a taxa atingiu 4% em fevereiro, sendo que mais da metade foi gerada por alimentos e energia. Na avaliação da OCDE, tal alta está ¿bem acima dos níveis aceitáveis¿.

EUROPA

A OCDE prevê, porém, que as economias européias continuarão a crescer, apesar da crise, e que a desaceleração será ¿menos brutal¿. Nos três primeiros meses, a alta prevista é de 0,5% para a zona do euro (formada pelos 15 países que adotam o euro). Entre abril e junho, a projeção é de crescimento de 0,4%. No caso dos europeus, a revisão de crescimento é mínima. Os níveis de inflação, por outro lado, chegaram a 3,3% em fevereiro, o maior nos últimos dez anos.

¿Na zona do euro, a desaceleração foi menos abrupta, mas o crescimento deverá permanecer potencialmente mais baixo durante algum tempo, apesar de as exportações aparentemente terem se mantido, até agora, diante da valorização do euro¿, disse o relatório.

Quanto ao PIB mundial, por ora, a taxa de crescimento está em 1,9%. Mas esse número poderá ser revisto em maio. Nos países do G-7, a previsão é de um crescimento do PIB de apenas 0,2% entre o primeiro e o segundo trimestre, ante uma previsão inicial de 0,5%. A surpresa, porém, vem do Reino UNido, com alta de 0,6%.

Mesmo o Japão, que poderia se beneficiar do crescimento da China e de seus vizinhos asiáticos, também sofre com a desaceleração americana.

Para a OCDE, há uma necessidade de dar estímulo à economia americana. Mas isso dependerá dos riscos. O principal deles é a inflação, já que os preços do petróleo e commodities ¿podem continuar a aumentar por algum tempo¿.

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