Título: Criação de vagas formais é recorde para fevereiro
Autor: Sobral, Isabel
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/03/2008, Economia, p. B5

Com 204,9 mil novos empregos, resultado do Caged é 38,5% superior ao de fevereiro do ano passado e o melhor para o mês desde 1992

Isabel Sobral, BRASÍLIA

A economia brasileira abriu 204,9 mil novos empregos com carteira assinada em fevereiro, um resultado 38,5% superior ao saldo de fevereiro de 2007. Segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, divulgados ontem, o resultado do mês passado é o novo recorde da série histórica, iniciada em 1992, para os meses de fevereiro.

No primeiro bimestre do ano, estão acumuladas 347,9 mil novas vagas, um saldo 37% maior que o verificado no mesmo período do ano passado. As melhores marcas de geração de empregos formais, tanto em fevereiro quanto no bimestre, eram de 2006. Com as novas vagas abertas em fevereiro, o estoque de empregos formais da economia cresceu 0,7%, para 29,3 milhões de postos.

O Caged é um registro feito pelo Ministério do Trabalho com base nas informações mensais sobre contratações e demissões repassadas por todas as empresas que seguem as regras da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). ¿A geração de empregos começou turbinada nesse bimestre, mostrando que a economia continua forte¿, comemorou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.

Todos os setores da economia tiveram resultados positivos em fevereiro, com destaque para os serviços, que criaram 74,4 mil vagas. A indústria, que abriu 46,8 mil, ficou em segundo lugar, seguida da construção civil, com 27,5 mil empregos. O ministério destacou, entre os serviços, o segmento ligado ao ensino. O reinício do período letivo permitiu a criação de 31,5 mil empregos. São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul apresentaram os melhores desempenhos.

Por questões sazonais relacionadas à safra agrícola, na Região Nordeste houve mais demissões que contratações.

Na avaliação do professor de Economia do Centro de Estudos de Economia Sindical e do Trabalho, da Unicamp, Cláudio Dedecca, uma parte desse movimento pode ser explicada pela formalização de mão-de-obra que já exercia uma atividade informalmente, especialmente em pequenos negócios.

Mas isso teria menor peso nos dados do Caged. Segundo ele, o ¿grosso¿ da quantidade de vagas foi aberta por grandes empresas, que são mais organizadas e normalmente já cumprem todas as regras trabalhistas. Ou seja, são postos de trabalho efetivamente novos.

Outro fator, segundo Dedecca, foi o calendário deste ano - em que o carnaval e a Páscoa ocorrem mais cedo -, que obrigou as empresas a antecipar a produção para os primeiros meses de 2008. ¿O que ninguém ainda pode prever são os efeitos da crise internacional sobre nossa economia, o que torna difícil prever se esse desempenho se garantirá no futuro¿, afirmou o professor.

O ministro do Trabalho se mantém confiante e aposta que 2008 terá um novo recorde na geração de emprego, com cerca de 1,8 milhão de vagas. Nem mesmo uma eventual alta nos juros, como indicada na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central , o desanima. ¿Uma alta de juros demora a se refletir na economia¿, comentou Lupi.

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