Título: Bolsas perdem US$ 2 trilhões no ano
Autor: Pereira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/03/2008, Economia, p. B1

O nervosismo dos investidores com a crise americana já provocou queda de US$ 2 trilhões nas bolsas de valores dos Estados Unidos e da América Latina neste ano. Mesmo assim, ninguém arrisca dizer que o mercado chegou ao fundo do poço. Pelo contrário. As perdas poderão facilmente ser elevadas caso novas instituições, a exemplo do que ocorreu com o Bear Stearns, na semana passada, entrem em colapso e ponham em risco todo o sistema bancário americano.

Até agora calcula-se que a baixa contábil dos bancos por causa do mercado de hipotecas de alto risco (subprime) tenha atingido US$ 200 bilhões. O problema é que não se sabe o tamanho da exposição das instituições financeiras, já que o mercado de ativos lastreados em hipotecas pode chegar a US$ 6 trilhões, afirmam analistas.

Com a deterioração do Bear Stearns, a imprevisibilidade de um desfecho da crise financeira americana aumentou ainda mais. O cenário obscuro tem alimentado a frenética movimentação dos investidores, que pulam de aplicação em aplicação para tentar encontrar um porto seguro, que lhes garantam prejuízos menores.

Primeiro, eles migraram para as commodities, provocando uma bolha nos preços internacionais e derrubando o mercado de ações. Depois, saíram vendendo as commodities para se refugiar em títulos do Tesouro americano, elevando o preço do dólar em relação às demais moedas e devastando o preço das matérias-primas. É esse comportamento que tem norteado os negócios nos últimos meses, especialmente na semana passada, o que provocou um efeito gangorra nas bolsas, com um intenso sobe-e-desce dos índices acionários.

Segundo dados da empresa de informação financeira Economática, em 31 de dezembro do ano passado, o valor das empresas negociadas nas bolsas dos Estados Unidos e da América Latina estava em US$ 18,12 trilhões. Na quarta-feira, durante a histeria dos mercado por causa da queda no preço das commodities, o preço havia caído para US$ 16,09 trilhões.

Por ser maior e deter um número grande de companhias, a Bolsa de Nova York foi a que apresentou perda mais expressiva no valor de mercado: US$ 1,95 trilhão. Em seguida, aparece o Brasil, com recuo de US$ 91,31 bilhões; México, US$ 2,81 bilhões; e Argentina, US$ 1,26 bilhão. Chile, Peru e Colômbia conseguiram elevar o valor de mercado das empresas negociadas na bolsa, apesar da crise.

¿Há muita irracionalidade no mercado e, por isso, é difícil dar um prazo para a turbulência passar. Mas acredito que ela perdure até o meio do ano, quando os balanços dos bancos trarão novidades sobre o tamanho do buraco provocado pelo mercado subprime¿, destaca o economista Alex Agostine, da Austin Rating. Além disso, acrescenta, dados sobre atividade e inflação darão um cenário mais claro sobre a evolução da economia americana.

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