Título: Combate à dengue terá reforço no Rio
Autor: Clarissa Thomé; Figueiredo, Talita
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/03/2008, Vida&, p. A18

Funcionários serão contratados e haverá tendas para atender doentes; casos chegam a 24,7 mil na capital

Após o Estado do Rio registrar 48 mortes por dengue, das quais 30 na capital (com 24.772 casos da doença), foram anunciadas ontem medidas para combater o mosquito Aedes aegypti e tentar agilizar o atendimento a pacientes infectados. Entre as ações estão a contratação emergencial de funcionários, a instalação de tendas para hidratação dos pacientes e a abertura de mais leitos.

Além disso, os pacientes da rede pública também receberão um Cartão Dengue para acompanhamento da evolução da doença. O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão. O cartão terá informações sobre sintomas, diagnóstico, tratamento e resultado de exames. O documento é necessário porque muitas vezes o paciente busca atendimento em diferentes unidades de saúde e o médico não sabe a quais procedimentos o doente foi submetido. 'Vamos solicitar ainda que a rede particular também adote o cartão, porque muitas vezes o paciente também procura atendimento nas clínicas particulares e nos hospitais públicos', afirmou Temporão.

O ministro anunciou a contratação emergencial de 660 profissionais de saúde, entre clínicos, pediatras, enfermeiros e técnicos de enfermagem, além da abertura de mais 119 leitos nos hospitais da rede federal. Disse ainda que 300 agentes estão sendo treinados para atuar com máquinas portáteis de fumacê.

Temporão pediu o reforço das Forças Armadas para aumentar os pontos de atendimento à população. Esses pontos podem ficar próximos a hospitais ou em bairros com maior incidência da doença. O ministro, no entanto, ainda espera uma confirmação das Forças Armadas. 'A população não pode esperar por atendimento.'

REINCIDÊNCIA

Pela quinta vez em uma semana, a dona de casa Irani Santos Oliveira, de 32 anos, levou a filha Laís Cristina, de 8 anos, a uma unidade hospitalar. A menina foi diagnosticada com virose em três visitas a uma unidade de pronto-atendimento. Na sexta-feira, Laís foi levada ao Hospital Rocha Faria, mas acabou não sendo atendida. Ontem, aguardava havia três horas por um exame de sangue para acompanhar as plaquetas (que, se estiverem baixas, indicam a forma hemorrágica da doença).

No mesmo dia, o secretário de Estado da Saúde, Sérgio Côrtes, fez um apelo. 'Sei que em alguns casos a espera chega a quatro, seis horas. Mas, apesar da demora, aguarde. O paciente tem que ser atendido para que tenhamos condições de identificar as complicações da dengue e impedir novos óbitos.' Côrtes anunciou que todos os médicos que atuam em cargos burocráticos nos hospitais do Estado serão remanejados para as emergências. Outra medida será a abertura de cinco tendas de hidratação, para onde serão encaminhados pacientes com plaquetas baixas. O secretário municipal da Saúde, Jacob Kligerman, diz que, sozinho, o município não dá conta. 'A população tem que fazer brigada nos quarteirões para combater o mosquito.'

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