Título: Sem dizer que é candidato, Patrus usa tom de palanque
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/03/2008, Nacional, p. A14

Escalado para resolver impasse em BH, ele nega intenção de concorrer

Um dia depois de ter sido escalado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ajudar a resolver o impasse envolvendo o polêmico acordo entre o PT e o PSDB para a Prefeitura de Belo Horizonte, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, fez discurso de candidato e defendeu uma ¿aliança programática¿ com os tucanos, mas garantiu que não quer concorrer. Ao participar ontem da abertura do Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial, Patrus pediu à platéia que prestasse atenção ao escolher os prefeitos.

¿Fiquem atentos!¿, exclamou. ¿Um bom prefeito, honesto, comprometido com o povo, faz a diferença: pode eliminar a fome, a desnutrição e a pobreza extrema do seu município.¿ Patrus disse que o prefeito pode até fazer os ricos pagarem mais impostos. Afirmou, ainda, que o orçamento de R$ 28 bilhões do seu ministério ¿está lá na ponta, nos municípios¿ e boa parte desses recursos vai para o Bolsa-Família.

Fora do auditório, porém, Patrus desconversou quando questionado sobre as articulações mantidas pelo governo e pela cúpula do PT para que concorra à prefeitura. ¿Não sou candidato, mas quero ajudar nesse processo.¿ Seu plano é concorrer ao governo de Minas ou mesmo à sucessão de Lula, em 2010.

Apesar de defender a política de alianças, ¿mesmo com o PSDB¿, Patrus disse que ocorreram ¿equívocos¿ na montagem do acordo entre o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), e o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB). ¿Foi um processo de cima para baixo: as instâncias partidárias e as bases históricas do PT não foram ouvidas, assim como também não foram ouvidos nossos interlocutores, como o vice-presidente José Alencar e o ministro das Comunicações, Hélio Costa.¿

Na terça-feira, ele expôs esse mesmo raciocínio a Lula. Preocupado com os rumos do namoro entre Pimentel e Aécio, que querem emplacar a candidatura de Márcio Lacerda (PSB), o presidente se reuniu com Patrus, Costa, Alencar e o ministro Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) e pediu uma solução para o imbróglio. ¿Precisamos construir um nome mais amplo, que obtenha consenso e seja mais representativo¿, sugeriu Patrus, indicando a ex-reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ana Lúcia Gazzolla, do PSB. Para a cúpula do PT, no entanto, o único nome que se encaixa nesse figurino é o de Patrus.

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