Título: Lula escala Patrus para unir base em BH
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/03/2008, Nacional, p. A6

Candidatura foi discutida entre presidente e ministros, mas o titular do Desenvolvimento Social, que já foi prefeito, ainda resiste

Vera Rosa, BRASÍLIA

O ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, é o nome que o PT e o governo querem para ser candidato a prefeito de Belo Horizonte e resolver o impasse em que se transformou a disputa em Minas, por causa do namoro com o PSDB. Na tentativa de encontrar uma solução para o imbróglio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou as rédeas do processo e chamou ontem em seu gabinete no Palácio do Planalto Patrus e os ministros Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) e Hélio Costa (Comunicações), além do vice-presidente José Alencar. Com quatro mineiros na sala, Lula mostrou desconforto com a divisão da base aliada em Belo Horizonte e disse que era preciso procurar uma ¿saída¿.

O encontro de ontem foi o primeiro passo de uma articulação política que tem o objetivo de convencer Patrus a ser candidato. O ministro, que já foi prefeito de Belo Horizonte de 1993 a 1996, ainda resiste. Um dia depois da reunião do Diretório Nacional do PT, que acendeu o sinal amarelo e criou dificuldades para a aliança com o PSDB do governador Aécio Neves, Lula quis ouvir Alencar e os ministros mineiros sobre a melhor forma de contornar a crise e pacificar a base.

Segundo relato de participantes do encontro, o presidente disse que a questão não é apenas de quem tem controle ou não do diretório. Considera que é preciso encontrar o entendimento para não deixar seqüelas no meio do caminho. Atualmente, os partidos que apóiam o governo Lula têm seis pré-candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, incluindo Márcio Lacerda (PSB), secretário de Desenvolvimento Econômico do governo Aécio.

Na reunião de ontem, Lula repetiu que não subirá no palanque de candidatos onde a base estiver dividida. Na próxima semana, ele vai chamar para uma conversa o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel. O prefeito também dará explicações sobre o acordo firmado com Aécio à Executiva Nacional do PT, na segunda-feira. A difícil parceria, que ainda terá de passar pelo crivo dos Diretórios Municipal, Estadual e da Executiva Nacional do PT, é o primeiro movimento relevante para a sucessão de Lula, em 2010.

MELINDRES

Em conversa com Pimentel, no início do ano, o presidente deu aval à aproximação com Aécio, mas avalia que o assunto foi mal conduzido, provocando melindres desnecessários não apenas no PT, como também nas fileiras do PMDB. No último dia 18, durante jantar de aniversário do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o vice-presidente José Alencar reclamou por não ter sido consultado sobre a aliança com os tucanos. Na ocasião, ficou decidido que haveria pressão para convencer Patrus a aceitar a candidatura, conforme revelou o Estado.

¿Fizeram esse acordo em Minas, mas esqueceram de combinar com os russos¿, afirmou Alencar. ¿Só que esses russos também têm liderança.¿ Contrariado, o vice-presidente se uniu a Hélio Costa para montar uma ofensiva eleitoral em Belo Horizonte, com o objetivo de conquistar a prefeitura. A estratégia incluía até mesmo a aproximação com o DEM, mas Costa recuou da intenção de formar chapa com vários partidos para enfrentar a dupla Pimentel-Aécio. Mesmo assim, o PMDB tem hoje dois pré-candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte.

A articulação pró-Patrus ganhará força nos próximos dias, quando dirigentes do PT também pretendem fazer um apelo ao ministro para entrar no páreo. ¿Patrus é um ótimo candidato¿, afirmou ontem o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). ¿A única forma de unificar o PT é o lançamento de Patrus¿, reforçou o deputado Reginaldo Lopes (MG), presidente do PT de Minas.

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