Título: Ex-presidente de fundação da UnB passará por acareação
Autor: Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/03/2008, Nacional, p. A8

CPI das ONGs vai confrontar antigo dirigente da Finatec com promotores

Rosa Costa, BRASÍLIA

Ao depor ontem na CPI das ONGs, o ex-presidente do Conselho Superior da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) da Universidade de Brasília (UnB) Antonio Manoel Dias Henriques não conseguiu dissipar as suspeitas de irregularidades durante sua atuação no órgão.

Ele será convocado novamente para uma acareação com promotores do Ministério Público Federal, que apontaram irregularidades na fundação. Entre elas, a de atuar como fachada para a empresa Intercorp fechar contratos com prefeituras e órgãos públicos sem licitação e a de desviar verbas que deveriam ser aplicadas no desenvolvimento da ciência e tecnologia. Um desses desvios teria sido o de mobiliar por R$ 470 mil o apartamento do reitor da UnB, Timothy Mulholland.

O depoente recusou o pedido do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) para que autorizasse a quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. Alegou que, como a Finatec está sob intervenção, a iniciativa deve partir da Justiça e não dele mesmo.

Manoel Henriques disse que não se responsabilizava por nenhuma irregularidade denunciada na Finatec, a exemplo do que fez o reitor quando depôs na CPI há três semanas. Henriques foi afastado do cargo em fevereiro, a pedido do Ministério Público. Ele disse aos senadores que a liberação de recursos para o apartamento do reitor cabe à diretoria colegiada da fundação, e não exclusivamente ao presidente. Quanto à contratação da Intercorp, desconversou sempre que era questionado sobre os motivos que levaram uma fundação universitária a fechar parceria com a Intercorp, do empresário Luis Lima, ligado ao PT gaúcho.

De acordo com Álvaro Dias, coube à empresa ficar com R$ 23 milhões dos R$ 50 milhões pagos pelas prefeituras à Finatec. ¿O que fica claro é que essa empresa precisava da fundação como biombo para ser contratada pelas prefeituras sem licitação¿, afirmou o senador. Dias disse que o genro de Manoel Henriques, Marco Antonio da Silva Figueiredo, continua como gerente financeiro da fundação, mesmo depois da intervenção. ¿Ele deveria ter sido afastado, está numa posição-chave, com condições de destruir provas¿, alegou.

O relator Inácio Arruda (PC do B-CE) concordou com o pedido de acareação, alegando que somente depois disso é que decidirá se o sigilo das contas de Henriques e de outros citados na acusação dos promotores deve ser quebrado.

O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) mostrou cópia do contrato entre a Finatec e a Intercorp, o qual estipula que a fundação pagará à empresa ¿honorários com base nas horas de execução de trabalho, no valor médio de R$ 160 por hora trabalhada¿, sem precisar como será feito este acompanhamento.

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