Título: Marisa Serrano ameaça deixar presidência da CPI
Autor: Scinocca, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/03/2008, Nacional, p. A8

Senadora deu ultimato sobre a necessidade de quebrar sigilos

Um dia depois de a CPI dos Cartões Corporativos começar a colher depoimentos, a presidente da comissão, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), ameaçou deixar o cargo. Ela deu um ultimato aos integrantes da CPI que ontem, mais uma vez, desertaram. A tucana afirmou que sairá da CPI se os requerimentos que estabelecem quebras de sigilos não forem aprovados após a Páscoa.

'Se os requerimentos forem aprovados, a CPI continua. Vamos bater em cima até quebrar o sigilo. Tenho sentido que a base governista não tem muito interesse em aprofundar as investigações, mas nós temos de chegar aonde temos de chegar. Não estou aqui para brincar de senadora', avisou, pouco antes do início do depoimento do ministro da Controladoria Geral da União, Jorge Hage.

Ontem, na maior parte do tempo, a CPI contou com a presença de apenas 10 parlamentares , de um total de 24 integrantes. No período da tarde, enquanto quem dava explicações era o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, havia apenas seis.

Hage e Bernardo se limitaram a falar sobre o uso dos cartões pelo Executivo, repetindo declarações que vêm sendo dadas desde 13 de janeiro, quando o Estado noticiou pela primeira vez as irregularidades na utilização do instrumento.

Ao ouvir do deputado Maurício Quintela Lessa (PR-AL) que a CPI dos Cartões não passaria da 'CPI da miudeza, da tapioca e do bicho de pelúcia', Marisa Serrano avisou: 'Não admito mais que falem que estamos aqui brincando. Estou ouvindo isso há uma semana e não estou aqui para factóide. Se o governo acha que não temos legitimidade para investigar sou obrigada a concordar com o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) de que é melhor parar com a farsa.' Desde a semana passada, Dias tem dito que a CPI, sem quebra de sigilo de possíveis investigados, não chegará a lugar algum.

Bernardo defendeu a manutenção do sigilo dos gastos da Presidência da República com os cartões corporativos, tema que se tornou o principal embate entre governo e oposição na CPI. Segundo o ministro, a legislação atual assegura que os dados sejam mantidos em segredo, o que deve ser seguido pelo Congresso.

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