Título: Oposição insiste em abrir gasto de Lula
Autor: Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2008, Nacional, p. A6
PSDB reage à divulgação de um dossiê com as despesas de FHC
Em reação à divulgação de um dossiê sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de sua mulher, Ruth, e de ministros do governo tucano, o PSDB decidiu insistir na quebra dos sigilos dos cartões corporativos usados para despesas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da primeira-dama Marisa Letícia e até da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A revista Veja afirma que FHC e seus parentes tiveram os gastos investigados pelo Planalto. As informações seriam usadas para constranger oposicionistas da CPI dos Cartões, se insistissem na quebra de sigilo das despesas do presidente Lula e sua família
Entre mais de 140 requerimentos que aguardam votação na CPI, vários referem-se à abertura dos gastos sigilosos da Presidência da República. Ontem, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que ¿a Abin não deve virar escoadouro de dinheiro sujo¿ e defendeu que a maior parte das despesas da agência seja encaminhada à CPI.
O líder tucano quer que o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Armando Félix, ao qual a Abin está subordinada, aponte em sessão secreta da CPI os gastos que, de fato, não devem ser tornados públicos. Atualmente, todas as despesas da Abin com cartão corporativo estão na rubrica de gastos sigilosos.
Além dos gastos da Abin, o senador disse que a divulgação indevida de gastos de Fernando Henrique e Ruth justifica a quebra de sigilo das despesas pessoais de Lula e Marisa e disse que o PSDB vai pressionar para que os requerimentos sejam postos em votação na CPI.
¿Essa cafajestice mostra o absoluto medo de que sejam investigados os gastos sigilosos dos cartões. Eles não pensem que vamos ficar dependentes da maioria governista na CPI. Podemos pedir informações dos gastos do presidente Lula e de dona Marisa diretamente a eles e, se não informarem, buscar uma decisão no Supremo Tribunal Federal¿, disse o líder.
Virgílio aproveitou para criticar o esforço do companheiro de partido Aécio Neves, governador de Minas, em formar aliança com o PT na eleição para a Prefeitura de Belo Horizonte. ¿O próprio Aécio deve pensar se nós somos parecidos com o PT a ponto de fazermos uma aliança. Está na hora de todos nós refletirmos. Me pergunto como o Palácio do Planalto se prestou a isso (elaboração do suposto dossiê). Eles se comportam como delinqüentes¿, atacou Virgílio.
Os oposicionistas também vão insistir na presença da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na CPI, para explicar a existência e o vazamento do dossiê. ¿A ministra Dilma tem que ser interpelada, nem que seja judicialmente¿, reagiu Virgílio.
Requerimento para convocação de Dilma aguarda votação na CPI. As convocações do general Jorge Félix e do diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, foram aprovadas, mas os depoimentos ainda precisam ser marcados.
Em nota oficial divulgada no sábado, a Casa Civil negou a existência do dossiê e de que tenha sido elaborado no Palácio do Planalto.
Líder do governo no Senado e responsável pela negociação que havia levado a um entendimento com a oposição na CPI, Romero Jucá (PMDB-RR) reconheceu ontem o direito da oposição de cobrar explicações sobre o suposto dossiê, mas lembrou que a Casa Civil abriu sindicância para investigar o caso. Segundo Jucá, a quebra de sigilos seria uma segunda etapa da investigação e não deve ser antecipada. ¿O palácio foi categórico ao negar envolvimento nisso.¿
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