Título: Governo descentraliza a Provinha Brasil
Autor: Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/03/2008, Vida&, p. A12

Exame para verificar nível de alfabetização de alunos aos 8 anos será aplicado pelas secretarias estaduais

Estados e municípios começarão a receber na próxima semana o material para realizar a Provinha Brasil, a primeira avaliação nacional para crianças em fase de alfabetização. Esse será o primeiro passo para verificar se as redes de ensino estão cumprindo uma das principais metas do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE): alfabetizar todos os seus alunos até os oito anos de idade.

Ao contrário das avaliações feitas até hoje, a Provinha já chegará às mãos dos secretários de Educação com uma escala de avaliação, com cinco níveis de aprendizado, estabelecidas a partir do número de acertos em cada prova. É a partir do nível quatro que o aluno está dentro do esperado. A expectativa dentro do Ministério da Educação (MEC), no entanto, é que a grande maioria esteja abaixo.

Dos estudantes de 4ª série do ensino fundamental, 71% não atingiram a pontuação indicada como ideal pelo ministério no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), conforme mostrou reportagem do Estado ontem. Além disso, um terço deles não sabia nem sequer o que deveria ter aprendido ao fim do 1º ano. ¿Há escolas que certamente vão ultrapassar esse limite. Mas nossa expectativa é que os resultados não sejam muito bons¿, acredita o presidente do Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisa Educacionais (Inep), Reynaldo Fernandes.

A Provinha será usada pelas redes e os resultados não terão que ser, necessariamente, repassados ao MEC. ¿É um instrumento para escolas e redes fazerem o seu próprio diagnóstico, o que as crianças estão ou não aprendendo¿, afirma Reynaldo. Para fazer o seu controle, o MEC fará anualmente a sua própria avaliação, com uma amostra estatística controlada, que servirá para dizer como está cada Estado, região e o País.

Secretarias municipais e estaduais de algumas regiões já fazem avaliações próprias e usam os resultados para verificar quais alunos devem passar por aulas de reforço. A lógica é conseguir ajudar o aluno com dificuldade antes que ele chegue à 4ª série. Em São Paulo, por exemplo, a Prova São Paulo, aplicada pela rede municipal, mostrou que 80% dos estudantes terminavam o 2º ano alfabetizados, mas com dificuldades de compreensão de textos básicos. No Saresp, a avaliação estadual, cujos resultados foram divulgados na semana retrasada, apenas 12% não terminaram o 2º ano alfabetizados.

COMO SERÁ

O material que as redes públicas receberão inclui as provas, material de avaliação, uma grade para que as redes avaliem se seus alunos estão conseguindo aprender o que deveriam e até sugestões aos professores de como trabalhar com os estudantes. A prova não precisará de grande habilidade de leitura. A maioria das questões será lida pelo aplicador, que dará as instruções para que as respondam. Serão 24 questões de leitura e uma de escrita para serem respondidas em duas horas.

Serão três tipos de questões. Na mais simples, há um desenho e a criança tem quatro palavras para assinalar o nome do objeto. Na verdade, apenas uma delas é uma palavra. As demais são palavras inventadas feitas com as mesmas letras da resposta correta. Outro tipo de questão tem a mesma estrutura, mas as respostas são palavras verdadeiras. No terceiro tipo de questão há quatro frases completas e ele deve escolher qual descreve a cena representada num desenho. A única questão de escrita prevê que o aluno escreva palavras, frases ou até um pequeno texto sobre um tema.

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