Título: Estudo com embrião vai a voto na Grã-Bretanha
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/03/2008, Vida&, p. A22

Opositores buscam limitar o trabalho com híbridos, bebês de proveta e células-tronco

Londres

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, liberou ontem os parlamentares de seu partido, o Trabalhista, para votarem livremente um projeto de lei sobre pesquisa com embriões humanos que tramita na Grã-Bretanha. Três pontos estão sob intensa discussão e pressão por parte de grupos católicos. ¿Sempre disse que, apesar de considerar essa legislação de extrema importância, nós (o Partido Trabalhista) respeitaremos a consciência de cada parlamentar¿, afirmou o premier.

O projeto da Lei de Fertilização e Embriologia Humana deve passar pela Câmara dos Comuns - equivalente à Câmara dos Deputados, no Brasil - em algumas semanas. As questões em debate referem-se à pesquisa de fertilização e à criação de embriões híbridos e de bebês de proveta que salvem a vida de irmãos doentes.

A Grã-Bretanha já concede atualmente licenças limitadas a cientistas que desejem atuar nessas áreas. A nova lei estabeleceria o valor e a extensão do financiamento e que tipos de pesquisa seriam aceitáveis.

Brown acha que a aprovação do projeto ajudaria no desenvolvimento de tratamentos para doenças hoje incuráveis, como mal de Alzheimer, e ainda manteria os pesquisadores britânicos entre os líderes da área. Por isso, enfrentou críticas de alguns parlamentares e ministros que se opõem à pesquisa com embriões.

Pesquisadores do país já criaram um embrião híbrido com 99,9% de material genético humano e 0,1% de animal. China, Estados Unidos e Canadá também mantêm trabalhos na mesma linha.

O líder da Igreja Católica na Escócia, d. Keith O¿Brien, disse que a pesquisa com híbridos é ¿um ataque monstruoso aos direitos humanos, à dignidade humana e à vida humana¿. Para David King, diretor do grupo Human Genetics Alert, a lei ¿nos leva para a engenharia genética humana¿.

Já Anelka Shaw, de 21 anos, que sofre de uma doença mitocondrial incurável, vê a pesquisa com embriões humanos e fertilização como revolucionária. A patologia a deixa constantemente cansada e incapaz de andar mais do que alguns metros sem ficar exausta.

Ela sempre pensou em adotar crianças em vez de engravidar, para não passar os genes da doença adiante. Agora, ela espera que um dia possa ter filhos biológicos. ¿Entendo que esse tipo de pesquisa pareça ser chocante para muitas pessoas, mas ela significa muito para outras tantas como eu.¿

A decisão tomada na Câmara dos Comuns pode influenciar países da Europa e de outros continentes. A China, por exemplo, segue as leis sobre células-tronco e embriologia da Grã-Bretanha.

¿É importante não superestimar o potencial (da pesquisa)¿, diz Alison Murdoch, da Universidade de Newcastle, uma das únicas cientistas no país que pode trabalhar com clones humanos criados para a obtenção de células-tronco. ¿Ao mesmo tempo, esse projeto não será debatido novamente no Parlamento em muitos anos, então precisamos aperfeiçoá-lo agora.¿ AP E REUTERS

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