Título: Inflação está no centro da meta e não preocupa, diz Mantega
Autor: Warth, Anne
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/03/2008, Economia, p. B3

Para ministro, também não há o que temer em relação ao ano que vem

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o aumento da projeção do Banco Central para a inflação (IPCA) deste ano, para 4,6%, não preocupa o governo. Segundo ele, não há pressões inflacionárias no momento, diferentemente do que ocorreu no ano passado por conta da alta dos preços dos alimentos. 'A inflação está dentro do centro da meta e não preocupa', afirmou.

Ao citar o setor agrícola, cuja capacidade de ampliar a oferta de alimentos é grande, o ministro sustentou que o mesmo fenômeno acontece também em outros setores da economia brasileira. 'Hoje não há um problema de falta de oferta no País, a demanda e oferta estão equilibradas. É isso que estou verificando com cada um dos setores', disse. 'Também não estou preocupado com a inflação em 2009', acrescentou.

Mantega admitiu que o governo observa com receio a concessão de créditos de longo prazo, mas disse que os financiamentos de 90 meses são residuais e que a maior parte do crédito concedido no País é de 40 meses, segundo informações das instituições financeiras. 'O crédito no Brasil é concedido de forma muito sólida. As instituições brasileiras são menos alavancadas e mais prudentes na liberação do crédito. Não é a esmo, como em outros Países'.

Reunido ontem à tarde com dirigentes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e presidentes das maiores montadoras do País, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que as perspectivas para o crescimento da economia brasileira nos próximos anos seguem uma trajetória robusta, em torno de 5%, semelhante à registrada no ano passado.

Nesse contexto, disse esperar que a indústria automobilística mantenha-se à frente do processo de crescimento. 'A indústria automotiva foi o carro-chefe da economia em 2007 e gostaríamos que continuasse a ser este ano'.

Ele garantiu que o governo vai assegurar a continuidade de fundamentos como a baixa vulnerabilidade interna, a consistência fiscal, a elevação da massa salarial e os estímulos ao aumento do crédito.

'Perguntei se a indústria estava preparada para manter a sustentabilidade do crescimento de 2007 ao longo dos anos e se saberá enfrentar o desafio de atender a vigorosa demanda', declarou Mantega, comentando ter ficado bastante tranqüilo com a resposta.

O presidente da Anfavea, Jackson Schneider, informou que os investimentos de US$ 5 bilhões já anunciados pela indústria no país neste ano elevarão a capacidade instalada do setor em 350 mil veículos, para 3,8 milhões de automóveis/ano. Disse também que haverá novos anúncios de investimentos ainda este ano por parte das montadoras. De 2008 a 2010, a cadeia total, incluindo autopeças, investirá US$ 20 bilhões.

'Não são apenas intenções, mas, sim, investimentos', ressaltou Mantega. O ministro disse também que o governo espera que as exportações de veículos voltem a crescer. De acordo com Schneider, as vendas externas de automóveis caem em unidades desde 2005.

'Perguntei também se poderemos manter ou até expandir as exportações. Me foi respondido que sim, dentro de determinadas condições cambiais, financeiras etc.', relatou Mantega.

O ministro negou que o governo cogite adotar novas medidas cambiais para conter a valorização do real. 'Acredito que o conjunto de medidas que anunciamos recentemente já surtiu algum efeito. No longo prazo, ainda temos que ver, mas o real já se desvalorizou', avaliou.

Mantega lembrou ainda que a política industrial que será anunciada em breve pelo governo trará novidades, com um conjunto de medidas para vários setores, inclusive a indústria automotiva.

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