Título: BNDES prioriza energia nova, diz Coutinho
Autor: Barbosa, Alaor; Chiarini, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/03/2008, Ecnomia, p. B9
Com essa afirmação, economista justificou falta de financiamento no leilão da Cesp
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, citou dois motivos para justificar a decisão da instituição de não anunciar linhas de crédito para o fracassado leilão da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), na quarta-feira. Segundo ele, 'numa situação de escassez de funding (recursos) e de energia, a grande prioridade é criar energia nova'. Segundo ele, essa é uma orientação geral do governo.
Além disso, Coutinho afirmou que não houve tempo hábil. De acordo com ele, o governador de São Paulo, José Serra, o procurou para falar do assunto, 'mas não havia tempo para preparar o processo', já que isso envolve o estabelecimento e publicação das condições de oferta de financiamento. 'Não foi um processo solicitado a tempo', argumentou.
O presidente da estatal Furnas, Luiz Paulo Conde, que estava no BNDES para assinatura do contrato de financiamento para construção da hidrelétrica de Simplício, reforçou o argumento de Coutinho, dizendo que o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, não permitiu que Furnas participasse do leilão. 'O ministro explicou que a prioridade deve ser dada à geração de energia nova', disse.
Segundo Coutinho, o BNDES pode participar de operações que envolvam troca de controle sem geração de energia nova, mas 'com instrumento de mercado, com renda variável', não com financiamento comum.
O banco tem aplicado grandes volumes de recursos no setor e está com 105 projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na área de energia em sua carteira, com financiamentos de R$ 36,9 bilhões para investimentos previstos de R$ 62,8 bilhões. Do total, 65 projetos, com financiamentos de R$ 16,5 bilhões, já foram aprovados.
Desses, 59 são para geração, no valor de R$ 12 bilhões do BNDES, e terão capacidade de geração de 10.800 MW. Em 2007, foram aprovados 54 projetos na área de energia , no valor de R$ 12,7 bilhões, dos quais R$ 7,2 bilhões são para hidrelétricas previstas para gerar 3.000 MW. Ontem, o BNDES aprovou financiamento de R$ 1 bilhão para Furnas tocar a hidrelétrica de Simplício, no Rio.
O maior projeto em análise é o da usina de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia. Coutinho disse que o empreendimento 'atende aos requisitos técnicos' do banco, mas não quis mencionar o valor solicitado pelo consórcio vencedor, que inclui, além de Furnas, as construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez, além da Cemig e de um fundo de investimento coordenado pelos bancos Santander e Banif.
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