Título: Dilma é a aloprada, ataca líder do PSDB
Autor: Costa, Rosa; Moraes, Marcelo de
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2008, Nacional, p. A10

Para Virgílio, é impossível acreditar que a ministra não soubesse do dossiê; em nota, DEM critica ¿rotina de ilegalidades do governo¿

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), chamou ontem a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de ¿aloprada¿ por ter afirmado que não existia dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele lembrou que o termo foi utilizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, quando atribuiu a montagem do Dossiê Vedoin, contra candidatos tucanos, a ¿aloprados¿ do PT.

Para Virgílio, é impossível acreditar que a ministra não tivesse conhecimento do que faziam seus auxiliares mais próximos, numa referência à sua assessora Erenice Alves Guerra, apontada como a responsável pela ordem de coleta de dados sobre os gastos de autoridades do governo anterior. ¿Ela é a aloprada. Aconteceu o alopramento da ministra para ficarmos na linguagem amena do presidente Lula¿, disse. Segundo ele, a exemplo do que tem sido comum no governo petista, Dilma não dispõe de argumentos para adotar ¿a cultura do eu nada sabia¿. ¿A ministra sabia o que se passava. E aí é que vem a teia da democracia, caindo como uma mosca, quem sabe na teia que a democracia arma para pegar contradições.¿

O líder tucano afirmou, ainda, que o episódio mostra que a ministra-chefe da Casa Civil não é ¿a eficaz gerente do PAC, mas a tola que não sabia de crimes praticados sob sua administração¿. E se disse ¿duplamente estupefato¿ pelo comportamento de Erenice, ao recebê-lo com o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), na quinta-feira, quando foram pedir ao governo dados sobre seus gastos no período em que estiveram no governo de Fernando Henrique Cardoso.

¿Ela (Erenice) me disse, olhando nos meus olhos, `senador, acredite que eu estou investigando isso, acredite que nós consideramos isso um fato lamentável¿¿, contou o líder.

`ENCENAÇÃO¿

Para o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), o fato de o dossiê ter sido preparado perto da ministra justifica toda a ¿encenação¿ e ¿balbúrdia¿ patrocinadas na quarta-feira por parlamentares da base aliada do governo para impedir a CPI dos Cartões Corporativos de convocá-la. ¿Ela não quis ir porque está comprometida¿, afirmou. ¿Não custaria comparecer e dizer que nada sabia, embora os dados estivessem sob seu controle.¿

No entender do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), o dossiê vazou por interesse de quem quer acabar com as pretensões de Lula de lançar Dilma à sua sucessão. ¿De uma coisa eu tenho certeza: os aloprados, os sanguessugas, os malversadores de dinheiro público não querem pensar nem de longe no nome dessa senhora como possibilidade de candidatura a presidente da República¿, disse.

NOTA

Em nota oficial, o DEM acusou a ministra de usar sua ¿força e influência na República para elaborar dossiê¿ contra Fernando Henrique, a ex-primeira-dama Ruth Cardoso e ministros de seu governo. Na nota, o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), afirma que Lula é ¿o principal beneficiário¿ dessa ação e cobra punições.

O partido também defende a apresentação de novo pedido de convocação de Dilma pela CPI dos Cartões, para que dê explicações. Nesta semana, o governo impediu que a oposição aprovasse na CPI o pedido para que a ministra prestasse depoimento. ¿Para mim, a situação dela ficou insustentável no governo¿, disse Rodrigo Maia.

Na nota oficial, o presidente do DEM reforça as críticas. ¿A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, usou sua força e influência na República para elaborar dossiê com informações escolhidas a dedo com a finalidade de constranger, perseguir e difamar um dos principais líderes da oposição no Brasil, além de obstruir o trabalho do Congresso Nacional no cumprimento de sua missão constitucional.¿

O comunicado do DEM também critica o que chama de ¿rotina de ilegalidades do governo Lula¿. ¿Num dia é o petista Mexerica, alojado no Banco do Brasil, que bisbilhota as contas da oposição. No outro, é o presidente da Caixa Econômica que avança sobre as leis para atender à conveniência política do ministro da Fazenda. A exemplo de Antonio Palocci, que usou o poder do Estado para quebrar o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, a ministra-chefe da Casa Civil da Presidência violou a consciência institucional que se exige das autoridades da República.¿

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