Título: FHC pede demissão de assessora
Autor: Amorim, Silvia
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2008, Nacional, p. A11

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sugeriu ontem que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, demita a assessora responsável pela elaboração de um dossiê sobre os gastos particulares da Presidência da República na gestão dele. ¿Eu não creio que ela (Dilma) tenha telefonado para a Ruth (ex-primeira-dama Ruth Cardoso) para enganar. Ela deve ter sido enganada¿, disse. ¿Agora corresponde a ela mostrar que foi enganada. Demita quem fez isso. Puna. Eu demitiria.¿

A declaração foi dada em entrevista ao programa Em Questão, da TV Gazeta, que vai ao ar neste domingo. À noite, em nota à imprensa, ele e a ex-primeira-dama pediram punição. ¿O mínimo que eu espero é que se apure quem são os responsáveis pela feitura deste material, e que da apuração decorra a punição dos responsáveis¿, diz o texto.

Na entrevista, o tucano admitiu que ele e Ruth ficaram bastante irritados com as especulações em torno dos gastos particulares da Presidência na gestão tucana. ¿A Ruth não é de ostentação. Ela fica irritada e indignada, obviamente, de ver isso. É um desrespeito a ela¿, afirmou. Em nota, a ex-primeira-dama fala em ¿exploração política¿ de ¿despesas próprias do exercício da função¿ como sendo pessoais e sigilosas e pede a abertura de todos os dados. ¿Nunca o dinheiro público foi utilizado em benefício próprio¿, defende Ruth.

FHC disse não acreditar que a ministra esteja envolvida na elaboração do dossiê e, diferentemente de parlamentares do PSDB, que acusaram Dilma de ¿aloprada¿, ele preferiu um tom ameno. ¿Nunca soube nada que a desabonasse e até gosto dela. É uma pessoa que tem luta contra o regime autoritário e eu tenho respeito.¿

Defensor de uma investigação, o ex-presidente ressaltou não ter nada a esconder. ¿São gastos correntes do palácio¿, argumentou. Chamou de ¿bobageira¿ e ¿infâmia¿ a polêmica em torno dos gastos particulares, atribuindo-a a ¿uma espécie de guerra suja¿. Para FHC, o objetivo é mudar o foco das apurações. ¿O senador Tasso Jereissati fez um levantamento e me disse que eram 110 (cartões corporativos na gestão tucana). Agora são 10 mil. Isso é um abuso e um fato a ser apurado¿, insistiu o ex-presidente. Segundo ele, a polêmica só interessa ¿à guerrilha do PT e aliados do governo¿.

FHC negou que a existência de gastos sigilosos na Presidência durante a sua gestão e cobrou diretamente de Lula a abertura dos dados dele e da atual gestão. ¿Se ele (Lula) tivesse um sentido ético, ele dizia `que gasto é esse? Pegaram muito dinheiro (por meio de saques), quem pegou?¿¿, afirmou. ¿Agora tem que abrir tudo, escancarar. Não pode ficar suspeita. Não há lei que mande fechar. Eu não mandei abrir nada. Está tudo aberto. É o governo que não solta.¿

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