Título: CPI das ONGs aprova quebra de sigilo de Lorenzetti
Autor: Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/04/2008, Nacional, p. A7

Oposição pede acesso a dados financeiros de 1999 a 2006 do petista, envolvido na compra do dossiê Vedoin

Um cochilo dos governistas permitiu ontem à CPI das ONGs requerer ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) dados sobre supostas movimentações financeiras ¿atípicas¿ feitas no período de 1999 a 2006 por Jorge Lorenzetti - ex-chefe do Núcleo de Informações e Inteligência da campanha à reeleição do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.

O autor do requerimento, aprovado por cinco votos a quatro, foi o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Ele afirmou que a ONG Unitrabalho, que teve Lorenzetti como dirigente na década de 80 e no ano de 2006, recebeu ¿vultosos recursos governamentais¿.

O relator, senador Inácio Arruda (PC do B-CE), votou contra a aprovação do requerimento. Ele alegou que a medida se comparava à quebra do sigilo bancário e fiscal de Lorenzetti e que, portanto, deveria ser o ¿último¿ recurso da CPI.

Ao depor na CPI das ONGs, no dia 5, Lorenzetti se recusou a abrir suas contas, argumentando que isso já tinha sido feito pelo Coaf, Receita Federal e Polícia Federal.

Lorenzetti é um dos petistas acusados de envolvimento no esquema da compra - por R$ 1,7 milhão - do dossiê Vedoin, que continha supostas denúncias contra candidatos tucanos nas eleições de 2006, mas que acabou prejudicando a candidatura petista. Na ocasião, o presidente Lula classificou os envolvidos no caso de ¿aloprados¿.

MORIBUNDA

Criada em outubro passado, a CPI das ONGs dificilmente conseguirá investigar desvio de recursos públicos de entidades e pessoas ligadas ao PT, ao PC do B ou ao governo. Isso porque o relator afirma não concordar com a quebra de sigilo antes de tomar depoimento dos suspeitos.

Dessa forma, acabam sendo investigados apenas dados já disponíveis na internet - o que rendeu à CPI o apelido de CPI do Google. Até seu presidente, senador Raimundo Colombo (DEM-SC), reconhece que a comissão está moribunda.

A única saída, na opinião dele, é a concordância dos governistas para que se tenha acesso às contas-convênio de ONGs com entidades públicas. Sem essa medida, que parece improvável, o melhor será encerrar os trabalhos, segundo o parlamentar.

Dos 41 requerimentos apresentados ontem, apenas 2 redigidos pela oposição foram aprovados, entre eles o que se refere a Lorenzetti. O outro, também de Álvaro Dias, pede ao Coaf dados sobre movimentações da Fundação Conscienciarte. De acordo com o senador, a instituição recebeu muito dinheiro do governo, sobretudo da Fundação Banco do Brasil.

No final, sem votos para aprovar os pedidos, os senadores de oposição preferiram adiar a votação dos demais requerimentos.

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