Título: Governo discute aumento informal de superávit primário
Autor: Gobetti, Sérgio
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/04/2008, Economia, p. B1

Medida seria tentativa de evitar a elevação da taxa de juros na próxima reunião do Copom

O governo federal deverá aproveitar o aumento de receita verificado neste início de ano e elevar ¿informalmente¿ o superávit primário (economia para pagamento de juros) como forma de evitar o aumento da taxa de juros na próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), nos dias 15 e 16 - ou de convencer a cúpula do Banco Central a não tomar essa atitude. A idéia começou a ser discutida por técnicos do Tesouro e ontem teria chegado à reunião da Junta Orçamentária, no Palácio do Planalto, segundo apurou o Estado.

O aumento velado do superávit, por meio de um corte nas despesas do orçamento acima do necessário (R$ 20 bilhões), poderia contribuir para enxugar a liquidez da economia e conter a demanda agregada, dispensando o BC de fazer o mesmo por meio da elevação da Selic. Embora a proposta tenha feições ortodoxas, seria uma cartada da ala heterodoxa do governo para dobrar o diretor de Política Econômica do BC, Mario Mesquita, que tem expressado as principais ameaças de elevação da taxa de juros.

¿O cenário ainda justifica que a gente espere mais para ver a evolução da situação¿, diz um assessor do ministro da Fazenda, Guido Mantega, referindo-se aos riscos de inflação acima da meta.

Segundo o último relatório de inflação do BC, esses riscos existem porque a demanda estaria excessivamente aquecida e um dos motivos seriam os ¿estímulos fiscais¿ originados pelos gastos públicos, em especial transferências de renda para as camadas mais pobres da população. ¿A sinalização da política fiscal é de aumento do consumo na veia, quando deveria ser um pouco menos expansionista¿, diz o economista Paulo Mol, da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

De acordo com técnicos do governo, a elevação do superávit não exigiria grandes sacrifícios, pois o governo continua obtendo recordes de arrecadação, mesmo sem a CPMF.

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