Título: Petrobrás e PDVSA devem fazer acordo hoje
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/03/2008, Economia, p. B4

Chávez e Lula vão referendar sociedade em refinaria

Denise Chrispim Marin, BRASÍLIA

Pela terceira vez em sete meses, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez, da Venezuela, vão se reunir com o objetivo de dar vazão à parceria estratégica Brasil-Venezuela. Nesta ocasião, com a expectativa de assistirem à assinatura do contrato de sociedade entre a Petrobrás e a Petróleos de Venezuela (PDVSA) para a construção da refinaria Abreu de Lima, em Suape (PE).

No encontro de hoje, a adesão efetiva da Venezuela ao Mercosul foi afastada da agenda por causa do andamento lento das negociações sobre a liberalização do comércio desse país com o Brasil. Para as câmeras, às 15 horas, o palco do encontro Lula-Chávez será o terreno de 600 hectares onde será levantada a refinaria.

Iniciada em setembro passado, a obra de terraplenagem deverá ser concluída apenas em fevereiro de 2009. A Petrobrás espera começar a construção dos primeiros prédios no segundo semestre deste ano e concluir a obra em 2010. Ambos os presidentes chegarão ao local em helicóptero.

A conversa reservada se dará no fim da tarde no Palácio das Princesas, a sede do governo pernambucano, no Recife. Ministros dos dois países das áreas de desenvolvimento, energia e educação manterão uma reunião paralela. Antes do jantar para os presidentes, Lula e Chávez deverão assinar sete acordos bilaterais. Entre eles, um protocolo de intenções sobre cooperação na área de TV digital, um acordo sobre desenvolvimento de áreas de fronteira e um memorando que favorece a formação de brasileiros nos cursos de medicina integral comunitária da Venezuela.

O contrato de sociedade entre PDVSA e Petrobrás dependerá de uma reunião anterior, na manhã de hoje, entre os presidentes da companhia brasileira, Sérgio Gabrieli, e da venezuelana, Rafael Ramírez. Fontes do Itamaraty informaram que falta apenas um tópico para a conclusão do texto - as regras para a comercialização de derivados produzidos na refinaria.

Ontem, no Palácio do Planalto, havia otimismo. ¿A expectativa é de que se possa finalizar essas negociações e, na reunião entre os presidentes, presenciar a assinatura do contrato de associação entre Petrobrás e PDVSA¿, disse o porta-voz da presidência, Marcelo Baumbach. ¿Mas as negociações ainda estão ocorrendo, e alguns detalhes que têm de ser acertados.¿

Assim como em dezembro, em Caracas, o ingresso da Venezuela ao Mercosul será omitido das conversas por várias razões. Primeiro, porque o ambiente no Congresso para a aprovação do protocolo de adesão ainda não melhorou. Segundo, porque continua em aberto a antecipação da liberação comercial Brasil-Venezuela de 2017 para 2014, apesar dos esforços feitos na semana passada. Uma nova rodada de negociações foi marcada para 14 de abril, em Buenos Aires.

O encontro Lula-Chávez será o primeiro desde o início da crise Equador-Colômbia - aguçada por declarações do venezuelano e por sua decisão de reunir tropas na fronteira com a Colômbia. O tom belicista de Chávez acabou moderado graças a uma conversa por telefone com Lula, no início deste mês, e por um acordo de cavalheiros celebrado nos bastidores da Organização dos Estados Americanos (OEA).

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