Título: Importação salta 42% e saldo comercial é o menor em 6 anos
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/04/2008, Economia, p. B8

Superávit no 1.º trimestre fica em US$ 2,8 bilhões, ante US$ 8,7 bilhões em igual período de 2007

O superávit da balança comercial no primeiro trimestre de 2008 foi o menor desde os três primeiros meses de 2002. O forte crescimento das importações derrubou o saldo acumulado este ano para US$ 2,84 bilhões, ante US$ 8,72 bilhões no primeiro trimestre de 2007, uma redução de 67,4%. As exportações cresceram 13,8% no período, totalizando US$ 38,69 bilhões, enquanto as importações aumentaram 41,8%, acumulando US$ 35,85 bilhões. Vendas e compras internacionais no período são recordes.

Em março, entretanto, o valor das exportações, de US$ 12,6 bilhões, caiu em relação a março de 2007 (US$ 12,9 bilhões) e na comparação com fevereiro deste ano (US$ 12,8 bilhões). Mesmo pela média diária de vendas, que foi de US$ 630,7 milhões - recorde para meses de março -, o crescimento das exportações foi de apenas 7,6% em relação a igual mês do ano passado, bem abaixo da média do ano, de 15,6%. As importações cresceram 33,2% em relação a março de 2007 e caíram 7,5% na comparação com fevereiro passado.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o superávit comercial de março foi 69,4% menor que em março de 2007, somando US$ 1,01 bilhão. As exportações totalizaram US$ 12,61 bilhões e as importações, US$ 11,60 bilhões.

Segundo o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, o governo quer estimular as vendas externas para conter a queda do superávit comercial. Ele lembrou que está sendo preparado um conjunto de medidas, dentro da nova política industrial, para estimular as exportações. ¿Esperamos que algumas medidas já tenham efeito em 2008¿, disse ele.

Para Barral, dois fatores estão levando ao aumento das importações: a competitividade da indústria brasileira, que tem aproveitado para aumentar o parque industrial; e a taxa de câmbio favorável.

O secretário destacou que em março as importações de bens de capital aumentaram 70% em relação a março de 2007. As compras de bens de consumo, no entanto, também tiveram alta expressiva, de 32,4% - bem superior ao crescimento das exportações.

O governo, disse, mantém a meta de exportação de US$ 180 bilhões para 2008. Segundo ele, há uma expectativa de que alguns itens pouco exportados no primeiro trimestre de 2008 ganhem força nos próximos meses, como minério de ferro, petróleo e soja.

Segundo o secretário, houve retração nas vendas externas de minério de ferro em março porque os exportadores atrasaram os embarques para esperar o reajuste dos preços do produto, que ocorreu no mês passado.

Também caíram as exportações de petróleo, explicou Barral, em razão de uma paralisação na refinaria de Paulínia (SP), além de parte do volume exportado ter sido desviada para atender ao aumento do consumo interno. Os embarques de soja para o exterior no primeiro trimestre ficaram 28% abaixo do volume exportado em igual período de 2007. A elevação dos preços, no entanto, foi de 52% no período.

Para rebater as críticas de que as exportações crescem por causa da alta dos preços, o secretário afirmou que, excluindo os aumentos de preços em 2007, ainda assim o volume das exportações de commodities teria crescido 11,9% em relação a 2006.

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