Título: Plano é ter seis setores na liderança mundial
Autor: Otta, Lu Aiko
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/03/2008, Economia, p. B11
Empresas receberão apoio para ter porte igual aos dos concorrentes
Lu Aiko Otta, BRASÍLIA
A política industrial em gestação no governo pretende colocar seis setores da economia brasileira no topo do ranking dos exportadores mundiais. São eles: papel e celulose, mineração, petroquímica, siderurgia, carne e aeronáutico.
O objetivo é que esses setores se coloquem ou se mantenham entre os cinco principais exportadores do planeta. Eles fazem parte do grupo, dentro da nova política industrial, chamado ¿liderança mundial e conquista de mercados¿.
As informações fazem parte de uma das versões preliminares da nova política, à qual o Estado teve acesso. Para alcançar esse objetivo, as empresas dos quatro primeiros setores serão apoiadas com planos de investimento que lhes permitirão crescer, de forma que terão um porte semelhante a seus principais competidores.
A avaliação do governo é que as empresas brasileiras nesses setores são menores que seus concorrentes internacionais. Além disso, as empresas nacionais levam desvantagem do ponto de vista tecnológico. Por outro lado, elas têm acesso privilegiado a matérias-primas.
Papel e celulose, siderurgia e petroquímica têm investimentos previstos de R$ 99 bilhões até 2011. Desse total, R$ 38,5 bilhões serão desembolsados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Além de financiamento, o banco deverá cooperar com a estruturação de fundos de investimento nessas empresas e até com a compra de participação acionária.
Outros setores foram incluídos na política com outra meta: melhorar suas condições de competitividade no mercado mundial. É o caso do complexo automotivo, têxtil, madeira, plásticos, higiene e perfumaria, indústria naval e de bens de capital, entre outras.
Há, ainda, seis setores cujo desenvolvimento é considerado estratégico para o País: complexo saúde, energia, tecnologias da informação e comunicação, indústria de defesa, nanotecnologia e biotecnologia.
No total, o BNDES reservou R$ 210,4 bilhões para financiar os setores de indústria e serviços entre 2008 e 2010. A esses recursos somam-se R$ 41,2 bilhões em recursos do Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica da Indústria (Pacti), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).
Existe ainda um volume de desonerações tributárias cujo montante está em negociação. Estão programadas quatro reuniões até sexta-feira para tentar fechar um número, mas é possível que as discussões se estendam pela próxima semana.
A nova política é organizada em torno de quatro grandes metas a serem atingidas até 2010: aumentar a taxa de investimentos da economia para R$ 604 bilhões, ou 21% Produto Interno Bruto (PIB); elevar o gasto privado em pesquisa e desenvolvimento para 0,65% do PIB ou R$ 18,2 bilhões; aumentar em 10% o número de pequenas e microempresas exportadoras e elevar a participação do Brasil no comércio mundial do 1,15% de 2006 para 1,25%, o que equivaleria a vendas ao exterior de US$ 208,8 bilhões. Para chegar a esse volume, as exportações precisarão crescer 11% ao ano.
Ontem, ao comentar a nova política industrial em gestação no governo, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, disse que as medidas devem ter o caráter mais horizontal possível. Ou seja, deve ser composta por medidas que beneficiem a todos os setores, não ¿dois ou três¿.
Para Monteiro Neto, a nova política industrial deve estimular o investimento e as ações nas áreas de inovação e pesquisa e desenvolvimento. COLABOROU DENISE CHRISPIM MARIN
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