Título: Clima vai ser de guerra, avisa presidente da CPI
Autor: Lopes, Eugênia; Fontes, Cida
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/04/2008, Nacional, p. A4

Segundo Marisa Serrano, se Dias for convocado, Dilma também será

¿Vai ser uma guerra.¿ Com esta frase a presidente da CPI dos Cartões, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), definiu o clima que deverá tomar conta da reunião da comissão de inquérito hoje. De um lado, a oposição, que quer votar 34 requerimentos de convocação, incluindo o de Erenice Guerra, braço direito da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e que teria sido a ordenadora do dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. De outro lado, a base aliada, que decidiu esticar a corda e quer que o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) explique como teve acesso às informações contidas na papelada.

¿Se eles querem que o senador Álvaro Dias se explique, então aí temos de trazer a ministra Dilma também¿, afirmou a senadora ontem à noite.

¿Diante do novo quadro, temos de solicitar a presença do senador Álvaro Dias para se explicar na CPI. Afinal, ele ocultou o dossiê por mais de um mês¿, afirmou o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), relator da comissão. ¿Estou analisando com o corpo jurídico do Congresso se cabe convocar o senador para depor na CPI¿, disse o deputado Sílvio Costa (PMN-PE), um dos integrantes da tropa de choque governista.

Mais cedo, antes de Álvaro Dias admitir publicamente que conhecia o conteúdo do dossiê, os partidos de oposição fizeram um almoço na casa de Marisa Serrano para traçar uma estratégia de atuação. Decidiram a votação de 34 requerimentos de convocação de autoridades governamentais. Era uma forma de expor os governistas, que seriam obrigados a derrubar todos os pedidos feitos pela oposição.

Mas diante da certeza de derrota desses pedidos, a senadora admitiu concluir as investigações antes do prazo. ¿Se não tiver mais ninguém para ouvir, vai me restar uma função: suspender as reuniões da CPI e pedir para o relator Luiz Sérgio apresentar seu relatório¿, disse a tucana.

¿Os governistas vão ter de assumir a responsabilidade de colocar toda a sujeira debaixo do tapete¿, disse o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN). Com a derrota dos requerimentos, os partidos de oposição pretendiam investir em uma comissão parlamentar de inquérito integrada apenas por senadores. Em uma comissão só do Senado, o governo tem maioria apertada.

Mas essa estratégia já não garante uma investigação mais tranqüila. O Palácio do Planalto comemorava ontem dois reforços recentes para a base aliada, reequilibrando as forças no Senado. Com a licença dos senadores oposicionistas Cícero Lucena (PSDB-PB) e Maria do Carmo Alves (DEM-SE), assumiram, respectivamente, Carlos Dunga (PTB-PB) e Virgínio de Carvalho (PSC), ambos ligados ao governo.

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