Título: Otan resiste às pressões de Bush para aceitar Ucrânia e Geórgia
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/04/2008, Internacional, p. A18

No primeiro dia de cúpula, aliança militar dá sinal verde para entrada apenas de Albânia e Croácia

AP E REUTERS

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) anunciou ontem ter dado luz verde para que Croácia e Albânia entrem no bloco, mas colocou em dúvida a adesão da Ucrânia e Geórgia, duas ex-repúblicas soviéticas. Segundo diplomatas presentes no encontro, a Otan garantirá aos dois países que as portas da organização permanecerão abertas, mas ambos devem realizar uma série de reformas políticas e militares. Segundo o porta-voz da Otan, James Appathurai, a definição sobre a entrada da Macedônia, que tem oposição da Grécia, deve ser tomada nos próximos dias.

A provável decisão da aliança militar de rejeitar a adesão de Kiev e Tbilisi é um duro golpe para o presidente americano, George W. Bush, que esperava aproveitar sua última cúpula da Otan para consolidar seu legado e garantir a ampliação da influência dos EUA sobre as ex-repúblicas soviéticas. A possível entrada da Ucrânia e da Geórgia vinha sendo duramente criticada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin,também prestes a deixar o cargo, que se ressente da perda de influência russa na região.

Horas antes do jantar de abertura da cúpula, Bush havia afirmado estar otimista sobre a reunião entre os 26 países-membros da organização. ¿Estou otimista em relação à questão da ampliação da Otan¿, disse Bush durante entrevista coletiva com o secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer.

Apesar da pressão do líder americano, países europeus temiam que a entrada das duas ex-repúblicas soviéticas na aliança abalasse ainda mais a relação entre a Europa e a Rússia. Ao chegar a Bucareste, a chanceler alemã, Angela Merkel, disse acreditar que ainda era ¿muito cedo¿ para que Geórgia e Ucrânia entrassem no bloco. Merkel, no entanto, afirmou que as portas da Otan não estavam fechadas a Kiev e Tbilisi.

Mesmo com a derrota na questão da Geórgia e Ucrânia, Bush não deve sair da cúpula, que termina amanhã, de mãos vazias. Appathurai afirmou que a organização concordou em enviar mais tropas ao Afeganistão, uma das principais questões defendidas por Bush. Só a França anunciou o envio de 700 a 800 soldados para a região.

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