Título: Entrada de dólares é a maior desde julho
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/04/2008, Economia, p. B4

Investidor `despreza¿ crise internacional e fluxo cambial de março fica positivo em US$ 8,05 bilhões

A crise internacional não reduziu o fluxo de dólares para o Brasil em março. Dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC) mostram, ao contrário, que a entrada de recursos pelo mercado de câmbio se intensificou no mês, quando US$ 8,051 bilhões ingressaram no País, o melhor resultado desde julho de 2007.

A entrada de dólares foi liderada pelas operações ligadas ao comércio exterior, que foram responsáveis por um ingresso líquido de US$ 6,663 bilhões. Na conta financeira (onde são registradas operações como aplicações financeiras, remessas e pagamentos de dívida, entre outras), o BC registrou a entrada líquida de US$ 1,388 bilhão.

De acordo com analistas, a alta do dólar no fim do mês pode ter incentivado exportadores a antecipar contratos de câmbio. Além disso, o aumento da taxação para aplicações de estrangeiros em renda fixa, que passou a vigorar em 17 de março, pode ter acelerado o ingresso de investidores que queriam escapar da nova tributação.

O resultado das operações de comércio exterior foi 150% maior que no mês anterior. O desempenho é explicado principalmente pelo aumento do volume de recursos obtidos com a exportação, que cresceu 33,9%, para US$ 16,532 bilhões. As operações de câmbio de importação aumentaram apenas 1,9% na mesma base de comparação, para US$ 9,869 bilhões.

Os números são diferentes dos dados da balança comercial, apresentados na terça-feira pelo Ministério do Desenvolvimento porque as informações do BC se referem ao fechamento dos contratos de câmbio.

O levantamento do ministério leva em conta os embarques e desembarques físicos de mercadorias. Quando há exportação ou importação, empresas podem antecipar ou adiar o fechamento de contratos de câmbio para tentar uma cotação do dólar mais favorável.

¿Muitos exportadores aproveitaram que o dólar subiu em março para fechar contratos com uma cotação melhor e obter mais reais pelos seus dólares¿, explicou o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto. No fim do mês, o dólar chegou a R$ 1,75, ante R$ 1,67 em meados de março.

Na conta financeira, o ingresso líquido saltou 138,9% ante fevereiro. Campos Neto disse que parte desse volume pode ter ingressado na primeira quinzena como forma de evitar a nova alíquota de 1,5% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). As entradas subiram 42,7%, para US$ 39,511 bilhões. Na saída, o volume cresceu 40,7%, para US$ 28,081 bilhões.

Campos Neto avalia que o fluxo tende a ser mais fraco nos próximos meses, com base na expectativa de que o resultado do comércio exterior será cada vez menor, com o forte crescimento das importações.

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