Título: Greve de fiscais afeta Zona Franca
Autor: Rehder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/04/2008, Economia, p. B9

Faltam componentes importados, e pelo menos 8 empresas já suspenderam as atividades

Principal pólo de eletroeletrônicos do País, a Zona Franca de Manaus começa a parar por falta de componentes importados, em razão da greve dos auditores da Receita Federal, que completa hoje 17 dias. Com estoques praticamente zerados, pelo menos oito indústrias já tinham sido forçadas a paralisar algumas de suas linhas de produção até ontem. Cerca de 7 mil trabalhadores foram colocados em licença remunerada.

As informações são do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam) e do sindicato local dos metalúrgicos. Entre as empresas mais afetadas pela falta de componentes estão Samsung, Panasonic e CCE, fabricantes de equipamentos de áudio e vídeo, a montadora de notebooks Digitron e a Thomson, líder na fabricação de aparelhos receptores de satélite para TV por assinatura.

¿Temos cerca de US$ 40 milhões em equipamentos retidos nos depósitos da Alfândega de Manaus¿, informou Maurício Loureiro, presidente do Cieam.Segundo ele, a entidade deu entrada ontem em um mandado de segurança na Justiça Federal, com pedido de liminar para liberação imediata das cargas das empresas da Zona Franca que se encontram retidas nas aduanas. ¿Estamos num ritmo de produção muito acelerado e a falta de componentes começa a criar gargalos nas fábricas.¿

A Eletros, que reúne os fabricantes de eletroeletrônicos, já alertou para o risco de a greve provocar a falta de produtos para o Dia das Mães, segunda melhor data comercial para diversos setores. Para a Federação do Comércio do Estado de São Paulo, a greve poderá gerar aumento de preços no varejo.

Os auditores fiscais reivindicam um plano de carreira semelhante ao dos delegados da Polícia Federal e dos advogados da União. Com isso, passariam a ganhar até R$ 19,7 mil por mês. Hoje, os salários variam de R$ 10.150 a R$ 13.500. ¿Não queremos equiparação, queremos o topo do Executivo, porque somos uma carreira essencial para o Estado¿, diz Luiz Fuchz, presidente da Delegacia Sindical em São Paulo do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita.

Para o presidente do Cieam, o governo tem de agir com pulso forte para acabar com a greve. ¿Ou negocia e resolve logo ou faz esses caras voltarem a trabalhar.¿ Na sua opinião, os dias parados deveriam ser descontados nos salários.¿Na minha fábrica, quando o funcionário falta, eu desconto¿, diz Loureiro. ¿Os auditores ganham muito, trabalham razoavelmente e se aposentam muito bem; portanto, não têm de fazer greve, têm de trabalhar muito mais¿.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, Valdenir Santana, diz que a greve prejudica os trabalhadores da Zona Franca. ¿Somos a favor do movimento, mas eles poderiam fazer uma greve inteligente, para não atrapalhar outros companheiros, que serão obrigados a fazer hora extra.¿

No porto de Santos, crescem os prejuízos da comunidade portuária e a preocupação com a possibilidade de paralisação das operações. Os terminais estão com 90% da lotação.

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