Título: Cubanos fazem fila para Cubanos fazem fila para
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/04/2008, Internacional, p. A12

Havana, 2 de Abril de 2008 - Cuba começou ontem a venda sem restrições de equipamentos eletrônicos e eletrodomésticos. Os cubanos, entusiasmados, fizeram fila nas lojas. Mesmo assim, muitos produtos ainda vão ficar distantes do alcance da população, devido aos baixos salários. As lojas foram autorizadas pelo presidente cubano, Raúl Castro , a vender dezenas de eletroeletrônicos outrora proibidos, como fornos de microondas, televisores de tela plana e até computadores. "Isto deveria ter sido feito há muito tempo. Eles nunca deveriam ter sido proibidos", disse Felipe, engenheiro de 53 anos, que esperava impaciente na fila para comprar seu primeiro aparelho de DVD. "Agora nós, cubanos, temos outras opções e assim se resolve um pouco a alternativa do transporte", disse o animado Raydel Leyva, 42, depois de investir suas economias em uma scooter de US$ 858, em Havana. "Acredito que todas essas medidas vieram para melhorar a vida do povo e nos fazer sentir melhor vivendo no nosso país", disse Leyva, que não quis revelar por quanto tempo juntou dinheiro para comprar a moto. Com uma renda média de US$ 17 por mês, os cubanos não podem comprar muitos dos novos itens à venda, mas mesmo aqueles que não têm condições se alegraram com a mudança. "Os preços são astronômicos. Mas pelo menos eu tenho essa opção, e posso economizar para comprar o que quero. As pessoas vão trabalhar mais para comprar esses artigos", disse Gelis, instrutora de tênis autônoma. Os produtos mais vendidos eram os de menores preços, como as panelas de pressão, cujo valor ia de US$ 17 a US$ 54, e os aparelhos de DVD da Philips e da Panasonic, que custavam entre US$ 118 e US$ 162 -- mais caros do que em outros países, mas bem mais baratos do que no mercado negro cubano. Já os aguardados computadores e notebooks da Dell e teclados e mouses da Microsoft foram retirados das lojas antes da venda começar, até que sejam fixados os preços. Ainda não está claro quando serão comercializados. Até agora, esses aparelhos só podiam ser adquiridos por empresas estatais. A maioria dos artigos vem da China. Antes de adoecer, Fidel Castro iniciou um programa de financiamento a longo prazo de televisores, geladeiras e panelas elétricas chinesas. Raúl sucedeu o irmão no dia 24 de fevereiro, prometendo acabar com as "proibições excessivas" no cotidiano de Cuba. Logo permitiu, além dos eletrodomésticos, o acesso a celulares e a hotéis antes reservados apenas a estrangeiros. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(Reuters)