Título: Mercado já aposta em alta
Autor: Graner, Fabio ; Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/04/2008, Economia, p. B4

Pesquisa do BC indica 0,75 ponto até fim do ano

Fernando Nakagawa

O mercado financeiro mudou de opinião e passou a acreditar que o juro básico da economia vai subir 0,75 ponto porcentual até o fim do ano. A previsão consta da pesquisa Focus divulgada ontem, o primeira após o relatório trimestral de inflação. Para analistas, a Selic deve terminar o ano em 12%. Até a semana passada, a expectativa era de que se manteria em 11,25% durante 2008.

O relatório de inflação apresentado na quinta-feira mudou o tom do mercado. O discurso conservador do documento e a preocupação do diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita, com um eventual descompasso entre a demanda interna e a oferta consolidaram as apostas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai aumentar o juro.

Agora, resta saber quando. Na Focus, a maioria das apostas é de três altas de 0,25 ponto porcentual até o fim do ano, começando em junho. Porém, os economistas têm previsões variadas. ¿O BC deixou claro que deve agir de forma preventiva para manter a inflação dentro da meta¿, diz o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa. Para ele, o juro sobe 1 ponto até dezembro e a primeira elevação será ainda este mês, na reunião de 15 e 16.

Marcelo Paixão, gestor da Principia Capital Management, acredita que uma eventual alta do juro pode acontecer de forma mais agressiva. ¿Aumenta a chance de alta entre 1 e 1,5 ponto. Se o juro subir, acho que será em poucas doses, porém maiores.¿ Para ele, as altas poderiam ser de 0,5 ponto.

Tanta preocupação com a inflação existe porque a demanda interna tem apresentado forte expansão. Esse quadro tem feito o mercado revisar suas projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado no regime de metas seguido pelo BC. Na pesquisa, a projeção para 2008 subiu de 4,44% para 4,47%, muito próximo do centro da meta de 4,5%. Entre as instituições que mais acertam, a previsão já é maior que o centro da meta: 4,7%.

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