Título: Na UnB, mais de mil contra um
Autor: Weber, Luiz Alberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2008, Nacional, p. A6

Estudantes ampliam invasão

Lígia Formenti

Pancadaria e confronto entre seguranças e estudantes, com feridos dos dois lados, emperraram ontem ainda mais o diálogo com os invasores da reitoria da Universidade de Brasília (UnB). O prédio está ocupado desde a quinta-feira pelos alunos, em protesto pelos R$ 470 mil gastos em itens luxuosos na decoração do apartamento do reitor Timothy Mulholland. A verba deveria ir para pesquisa científica.

Dos 100 jovens que inicialmente ocuparam duas salas do edifício, agora são mais de mil universitários, em todas as alas da reitoria. De acordo com o Diretório Central dos Estudantes, 1.300 alunos participaram de uma assembléia, na qual ficou decidido que a invasão continuaria.

Em seguida, o aluno Flávio Macedo provocou um segurança. Foi perseguido por vários funcionários e agredido com tapas. Ao final do confronto, seis seguranças e alguns estudantes estavam feridos. ¿Não queremos ninguém machucado¿, dizia o estudante Yuri Soares, de 22 anos, um dos líderes.

No final da tarde, o próprio movimento estudantil admitiu excessos dos dois lados. Apesar disso, reforçou que a ocupação era pacífica e nada no prédio havia sido destruído.

Os estudantes divulgaram nota na qual dizem que a saída do reitor é ¿inegociável¿ para a desocupação do imóvel. Já a reitoria avisou, pela assessoria de imprensa, que aceita negociar tudo, menos a saída de Mulholland.

¿A ocupação está respaldada pela maior assembléia dos últimos anos¿, reforçou a nota dos alunos, aumentando a pressão sobre a UnB. Eles sugerem a realização de eleições paritárias para reitor - peso de um voto para professores e alunos - e a religação da água e da energia. Do outro lado, a universidade chegou a divulgar uma carta com 11 propostas. Nenhuma delas foi aceita.

Na sexta-feira, a Justiça concedeu liminar de reintegração de posse à UnB, que deveria ser cumprida pela Polícia Federal, e determinou que o movimento pagaria multa de R$ 5 mil por hora, a partir das 17 horas de sexta-feira, enquanto o prédio não fosse desocupado. Até ontem, porém, nada havia sido feito.

Links Patrocinados