Título: CGU abre auditoria sobre contas de Jungmann
Autor: Weber, Luiz Alberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2008, Nacional, p. A6

Deputado do PPS afirma que a Controladoria-Geral da União deve fazer o mesmo com gastos de Lula, sob pena de caracterizar-se perseguição política

Luiz Alberto Weber

Bastou um dia útil para que a Controladoria-Geral da União (CGU) abrisse uma auditoria nas contas do ex-ministro da Reforma Agrária e hoje deputado de oposição Raul Jungmann (PPS-PE).

Na última sexta-feira, Jungmann divulgou todos os documentos que recebeu do governo com seus gastos no ministério através de contas tipo B (nas quais a despesa é justificada por nota fiscal depois de o servidor receber uma verba).

A divulgação foi uma estratégia de Jungmann para interromper uma onda de boatos que circulavam na base aliada sobre o perfil de gastos reservados realizados pelo ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso.

Segundo a CGU, a relação de gastos feitos pelo deputado, com massagem de R$ 60 em um hotel do Rio de Janeiro e alimentação em Brasília, por exemplo, levou o órgão a instaurar a auditoria.

No entendimento da CGU, essas despesas são, em princípio, impróprias para serem custeadas com recursos públicos. Se for confirmada a ocorrência de gastos irregulares, Jungmann será obrigado a ressarcir os cofres públicos.

Até hoje, a CGU não concluiu a auditoria nas contas do atual ministro dos Esportes, Orlando Silva, que ganhou notoriedade por pagar com cartão corporativo, além de outras despesas, uma tapioca. Ele devolveu todos os recursos que gastou com cartão corporativo e aguarda um parecer da CGU sobre a eventual irregularidade das despesas.

¿Se não fizerem o mesmo com Lula e com os ministros palacianos, a ação da CGU ficará caracterizada como perseguição político-policial; será a utilização do Estado para fins políticos¿, disse Jungmann. Segundo o deputado, suas contas, de seis anos atrás, foram, na ocasião, auditadas e aprovadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

¿A auditoria, agora, não faz sentido. Afinal, é CGU ou GPU?¿, questionou Jungmann, numa referência à sigla da polícia secreta stalinista da extinta União Soviética.

A CGU justificou a realização da auditoria neste momento porque a anterior, realizada pelo TCU, teria sido feita apenas por amostragem. De acordo com a assessoria do órgão, o deputado trouxe fatos novos ao revelar gastos com a massagem.

¿Quero saber se eles vão procurar saber se a massagem e a acupuntura que Lula fez com o médico Gu Hanghu foi paga com cartão corporativo¿, retrucou o ex-ministro.

Pelo relatório divulgado por Jungmann, ele gastou, de janeiro de 1998 a abril de 2002, gastou quase R$ 80 mil através de contas tipo B. Cerca de 20% desses recursos, R$ 15.691,61, foram com despesas de alimentação, em sua maioria em restaurantes e supermercados de Brasília.

Segundo a Controladoria-Geral da União, recursos do suprimento de fundos não podem ser gastos em restaurantes da capital federal. A proibição estaria no decreto 93.872/86, que permite o uso desses recursos apenas em gastos sigilosos, despesas especiais em viagem e despesas de pequeno vulto.

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