Título: CNBB declara apoio ao bispo do Xingu
Autor: Mayrink, José Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2008, Vida, p. A17

A Assembléia-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que prossegue até sexta-feira em Itaici, no município paulista de Indaiatuba, divulgará uma declaração de apoio ao bispo do Xingu, d. Erwin Kr¿utler, e a mais dois bispos e um padre que foram ameaçados de morte por causa da defesa dos índios e da floresta na Amazônia.

'Diante das ameaças de morte que você vem enfrentando, expressamos nossa indignação e lhe manifestamos nossa mais profunda solidariedade na fé', disse o presidente da CNBB, d. Geraldo Lyrio Rocha, no encerramento do retiro espiritual em que d. Erwin pregou para os bispos, no fim de semana. Os outros ameaçados de morte são d. José Luís Azcona Hermoso, de Marajó, e d. Flávio Giovenale, de Abaetetuba. As três dioceses se localizam no Estado do Pará.

Além dos bispos, também sofreu ameaças o padre José Amaro Lopes de Souza, colaborador de d. Erwin em Altamira (PA), sede da prelazia do Xingu. As ameaças, segundo o bispo, são feitas por telefonemas, cartas anônimas, e-mails e até artigos de jornal. No dia 26 de fevereiro, um policial paraense ouviu uma conversa entre dois homens que se referiam ao prêmio a ser pago pela execução de d. Erwin: R$ 1 milhão.

'Há dois anos vivo sob proteção da polícia 24 horas por dia', disse o bispo do Xingu. 'Só fico sozinho em minha casa quando estou no quarto, no escritório ou no banheiro.' Quatro policiais armados revezam-se, dois a dois, em sua escolta. 'Eles me acompanhavam até quando eu caminhava pela manhã, uma caminhada de cinco quilômetros que fazia recitando o rosário, até ser aconselhado a não sair mais.', disse d. Erwin. Agora, ele anda 65 metros dentro de casa, sempre sob vigilância dos guarda-costas.

O bispo do Xingu, que também é presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organismo vinculado à CNBB, atribui as ameaças que vem recebendo à sua atitude em defesa da preservação da Amazônia e dos direitos dos índios. 'Não me perdoam também a cobrança de punição dos assassinos da irmã Dorothy Stang e minhas críticas à construção da Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu', afirmou d. Erwin.

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